Do amor e seus contrários

Veia na estrada encruzilhada eloquente
Um aceno dos nossos quereres impossíveis
Utopias anexas em blocos diferentes
Cadernos em branco de trocas vazias.
Peito no peito no peito da gente
Roucas razões submersas de nós
Efémero momento, segmento iminente
Que dizia o amor em fragmentos de voz.
Dizeres de carne crestados nos lábios
Abraço de braço no abraço atendido
Desconcertado nó com feitio de laço
Traço de mundo num oposto perdido.
Tanto ódio trocado em mascaras de fim
Heranças falidas partidas no chão
E as almas sentidas no contrário do sim
Declaram-nos sós em forma de não
As letras deixam sentenças agastas
Opacas visões prenhes de dor
Encruzilhada eloquente de palavras gastas
Num aceno indiferente de paixão quase amor.