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Ergo do sol em ódio

Ergue-se o sol em ódio...
Da noite tempestuosa, submersa em chuva… e vilania.
Nos ocasos jardins ressentidos da urbe, á sombra das sombras oblíquas dos prédios avultam... degraus de cimento, pássaros breves, folhas caídas.
Registos sem ordem, que acabam de assassinar a madrugada, com projécteis de luz na manhã alvejada de vida.
Sempre ao fundo do silêncio que nos era, buzina, primeiro um, depois um outro, depois sempre e ainda ao longe, ruge engarrafado no balcão dos passeios um coro polifónico que acomete a plateia de milhares de carros em grito no palco da estrada.
As horas não têm o mesmo tempo, é um engano pensa-lo, no breve desfazer das sete que exaspera no instante do globo em rotação, em translação, súbita dança que envelhece em veneno, o corpo amparado na magia do tempo.
Aqui neutral, amanheço, hipócrita e cínico no meu berço de bonança…
Ando pelas ruas ambíguas, com questões dúbias e passos vacilantes entre margens, entre gente, que flutua como um rio de absinto, enlouquecida a caminho da foz.
Nos mundos do meu mundo, dos vossos mundos, do mundo todos, há horas discretas que compelem ao crime…ao silencio, ao choro…e outra vez o silencio…Assim amanhecidos na quietude da sombra das sombras oblíquas dos prédios…cínicos, calamos…
Corpos napalm ulcerados de guerra, deflagrações em eco nas cidades de fósforo, segredos escarlates em carne viva, lágrimas quentes que orvalham de fogo a cara dos homens.
Sempre ao fundo do silêncio que nos era, buzina, uma sirene, primeiro uma, depois uma outra, depois sempre e ainda ao longe, ruge engarrafado no balcão dos passeios um coro polifónico que acomete a plateia de milhares de sirenes em grito no palco da estrada.
As horas não têm o mesmo tempo, é um engano pensa-lo, no breve desfazer das sete que exaspera no instante do globo em rotação, há crianças mortas no meio da estrada, velhos com fome em vãos de escada, prostitutas meninas em entretém de prostíbulo, viciados rendidos nos subúrbios estéreis da terra, operários sem pátria em busca de pão, mulheres esquecidas do ser…da razão.
Ergue-se o sol em ódio...
Da noite tempestuosa, submersa em chuva… e vilania.
Nos ocasos jardins ressentidos da urbe, á sombra das sombras oblíquas dos prédios avultam... degraus de cimento, pássaros breves, folhas caídas…
Infernos sem nome… ao silencio, ao choro…e outra vez o silencio…
Ergo o sol em ódio e mato a esperança em mim.

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terça-feira, janeiro 26, 2010 - 20:03

Poesia :

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Lapis-Lazuli

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Comentários

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Re: Ergo do sol em ódio

Olá Lazuli,descreves muito bem no teu texto um mundo em franca decomposição, calma garoto, os homens não são todos iguais, ainda há salvação. Ergas o sol em amor e reacenda a esperança em ti, um mundo diferente é possível. Abrassss

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Re: Ergo do sol em ódio

ME PARECEU UM HINO AS NEGATIVIDADES QUE ASSOLAM NOSSO MUND0, NOSSO TEMPO, NOSSA CIDADE, NOSSA GENTE AGITADA APRESSADA; ESPERO QUE APÓS AGUARDANDO,VEHA UM TEMPO BOM QUE EXISTE, PORQUE NEM TUDO É DESESPERANÇA, PARA A FRENTE QUE É O CAMINHO, ASSIM ESPERO E TORÇO PARA NOVOS E BELOS DIAS!
Marne

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