CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

O ar é de todos

Minha ventura fecundante que em tropeços e a passo me traz aos dias todos…
Cismo os caminhos percorridos e a fortuna do acaso que me tem amparado em desvelo dos meus equívocos.
Garanto-me e aos outros que assim tem sido, aos tropeções, á cabeçadas, a compilar na minha história defeitos e virtudes em orgulho e em vergonha.
Sou terra, terra, terra…
Os arbustos e os penedos onde morrem os arco-íris, são desnudos cândidos quando a terra a emprenhar, verde ao cabo das madrugadas se desperta em lençol condensado de neblina.
Como com os dedos os minutos da noite, ávido de despertares em monumento, de erguidos sentidos sinfónicos do respirar matinal, tão fundos que me entardecem em harmonia, á volta dos meus olhares.
A manhã é um ruído nascido, que insinua o universo no fundamento do ser.
Tanta sorte desdita…tantos acasos de morte…
Assim, ainda que caminhe quase vencido, em metrópoles deixadas, cidades de vício, urbes caídas, não deixo de afiançar os meus braços na luta.
Por quem quer que me queira serei, serei só sem nada em troca, á troca de encontrar a redenção dos meus defeitos.
Serei o analfabeto, o esfomeado, o esquizofrénico, as fábricas paradas, o fumo do desemprego, os vitrais abandonados, a esquina das putas, o magala, o timbre calado que encena silêncios pintados de só, o rosto inquinado que lepra os mendigos em olhos profundos, misérias, pobrezas, as ruas explodidas de corpos tão rotos amargados de vicio, serei para existirem, para existir, para insistir…não me venham com educação, com os respeitinhos e as morais de um mundo que á porta tem avisos absolutos…”proibida a entrada a pessoas estranhas”…o tanas, o ar é de todos!
E o que eu quero é matar o mundo aos abraços.
Minha ventura fecundante que em tropeços e a passo me traz aos dias todos…
Cismo os caminhos percorridos e a fortuna do acaso que me tem amparado em desvelo dos meus equívocos.
Garanto-me e aos outros que assim tem sido, aos tropeções, á cabeçadas, a compilar na minha história defeitos e virtudes em orgulho e em vergonha.
Sou terra, terra, terra…
Sete da manhã…
Aqui me apresento todos os dias á jorna de um pão.
Estou desempregado á sete meses, venho aqui reclamar o meu direito á miséria, sim antes a miséria que a morte, que a esperança é um prato cheio de arroz sem conduto numa mesa tão triste que choramos a comer.
O puto não tem uns sapatos nem mala da escola nem brilho nos olhos…desculpa meu querido, as tuas insónias, os teus retiros onde te sei a construir mil futuros de barriga vazia.
Mas continuo erguido, para mim, para os outros, para todos, sem sirene de fábrica, sem pão matinal, sem entretantos pendentes que me farão desistir…
Não... porque é frase feita em mim que, “um homem não perde quando cai…perde quando desiste”…
Assim, ainda que caminhe quase vencido, em metrópoles deixadas, cidades de vício, urbes caídas, não deixo de afiançar os meus braços na luta.
Por quem quer que me queira serei, serei só sem nada em troca, á troca de encontrar a redenção dos meus defeitos e rumos para os meus caminhos.
Não abdicarei do direito a respirar…nunca!!!
O ar é de todos!

Submited by

quarta-feira, fevereiro 3, 2010 - 00:17

Poesia :

No votes yet

Lapis-Lazuli

imagem de Lapis-Lazuli
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 10 anos 34 semanas
Membro desde: 01/11/2010
Conteúdos:
Pontos: 1178

Comentários

imagem de vitor

Re: O ar é de todos

Amigo Lapis-Lazuli, já li e reli este texto, e julgo não exagerar se disser que é fantástico!
Não há frase nenhuma que possamos dizer, menos forte que a mais forte... porque o sentido é pessoal na sua originalidade e os sentimentos - dum grande criador.

Um abraço.

Vítor

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Lapis-Lazuli

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - 3517 1 4.347 03/13/2018 - 20:32 Português
Poesia/Aforismo In Vapore Sano 4 3.422 03/13/2018 - 20:32 inglês
Poesia/Aforismo Era só isto que eu queria dizer 1 3.110 02/27/2018 - 09:22 inglês
Poesia/Aforismo salgo :33 Isaías sonha que aos fala aos camones 0 2.611 06/20/2014 - 14:41 inglês
Poesia/Geral Boca Do Inferno 0 6.083 07/04/2013 - 21:44 Português
Poesia/Pensamentos veludo 3 3.148 05/15/2013 - 16:34 Português
Poesia/Aforismo Segundo Reza a Morte 0 2.920 10/04/2011 - 16:19 Português
Poesia/Meditação Fumo 0 2.907 09/23/2011 - 11:00 Português
Poesia/Aforismo De olhos fechados 3 3.263 09/20/2011 - 21:11 Português
Poesia/Aforismo Tundra 0 2.795 09/20/2011 - 15:36 Português
Poesia/Meditação Vazio 3 2.907 09/16/2011 - 10:00 Português
Poesia/Aforismo Intento 0 2.410 09/05/2011 - 15:52 Português
Poesia/Aforismo Palma Porque sim...Minha Senhora da Solidão 0 2.735 08/29/2011 - 10:13 Português
Poesia/Aforismo Editorial 0 3.038 08/29/2011 - 10:08 Português
Poesia/Pensamentos Ermo Corpo Desabitado 0 2.921 08/29/2011 - 10:04 Português
Poesia/Aforismo Dos passos que fazem eco 1 2.603 06/21/2011 - 21:06 Português
Poesia/Meditação Autoretrato sem dó menor 3 4.282 03/28/2011 - 22:34 Português
Poesia/Aforismo Todo o mundo que tenho 2 2.917 03/09/2011 - 07:23 Português
Fotos/ - 3516 0 4.896 11/23/2010 - 23:55 Português
Fotos/ - 3518 0 4.512 11/23/2010 - 23:55 Português
Fotos/ - 2672 0 5.861 11/23/2010 - 23:51 Português
Prosas/Outros A ultima vez no mundo 0 3.010 11/18/2010 - 22:56 Português
Prosas/Outros Os filhos de Emilia Batalha 0 3.246 11/18/2010 - 22:56 Português
Poesia/Desilusão Veredictos 0 2.908 11/18/2010 - 15:41 Português
Poesia/Intervenção Nada mais fácil que isto 0 2.950 11/18/2010 - 15:41 Português