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Incógnita Do Amor, Não Sei Do Quê

.1

Painel
de câncro,
nostálgica lembrança
de ti,
mata-me
o sabor,
espasmos de
loucura
desencantam o suor
das coisas.
ser pintado
de preto e
vestir de morte
todo o corpo
de quem imagino,
há silêncio
pensado à
tua volta,
entre tudo, a
tua voz não
consegue falar,
vive a noite
que penetrou em ti.
mas não é dai
que nascem as estrelas,
onde adormecem
os mortos que
ainda respiram,
é onde se perdem
os melancólicos
olhos que não vêm.
existe branco e tão branco
onde dormes
e vês-te vazio
és aquele que
te acompanha

.2

escrevia-te deitada na cama
nos sonhos que pensavas existirem e
sorrias enquanto dormias e
eu escrevia-te deitada nos lençóis
via as palpebras dos teus olhos aterrorizadas
e um traço facial de susto que
eu escrevi enquanto te escrevia deitada
em ti com a tua pele a sentir-te
e a suster todos os balanços
sentimentais que fingias não serem teus
e os meus escreviam-te deitada em
bocados de lágrimas que corriam dos pássaros
e ao sabor de todo o fruto que
eu escrevia ao tempo que te escrevia deitada
sobre a morte que te segue
enquanto dormes em preto e branco
dentro de ti

.3

dizem que a solidão me conheceu,
enquanto eu lhe escrevia, e
deixou-me partindo para as pernas de outro alguém.
ela, continuava deitada sobre a cama
e eu, continuava a escrever-lhe como se nunca estivesse sózinho.
admito, a solidão beijou-me,
fez-me mover a caneta com que lhe escrevia
e olhá-la uma vez mais, enquanto ela dormia
e eu escrevia-lhe.
a solidão foi-se embora,
enquanto eu conseguia e teimava em escrever-lhe.
não, eu não escrevia à solidão,
a solidão é que me fazia escrever a ela,
mulher deitada sobre os lençóis,
enquanto eu lhe escrevia.

.4

intacta, permanecia no sonho,
deitada sobre aquela cama que em tempos, enquanto vivia aquela mulher,
rangia com os movimentos bruscos dos corpos, e
caía uma vez por outra um parafuso de tanta velhice
que aquela cama já tinha.
não abria os olhos e, todo aquele painel,
vertiginoso, pálido e absorvente
continuava deitado sobre a cama, ela
que já não vivia, sonhava e dizia-se feliz, sem querer acordar.
não o sentia, não conseguia ler o que eu lhe escrevia,
nem conseguia perceber que as flores
murcham todo o ano, por vezes nem chegam a nascer,
não percebia que sempre que chove,
a recordo na horizontal, deitada a dormir,
relembro todos os momentos que a cama,
onde agora vive sem acordar,
fazia um ruido de raiva, sempre que
os corpos se movimentavam bruscamente.
ela ainda se acompanha, é a única companhia
que permanece dentro dela, mesmo sem acordar
toda aquela beleza que lhe conhecia,
vivia só dentro dela, e só para ela
agora que já não acorda,
e eu continuo a escrever-lhe.

Hugo Sousa

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quinta-feira, março 13, 2008 - 08:19

Poesia :

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HugoSousa

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Comentários

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Re: Incógnita Do Amor, Não Sei Do Quê

Boa leitura, de onde ressalvo (o suor das coisas, silêncio pensado, lágrimas que corriam dos passaros e ruído de raiva) Gostei... Abraço

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