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Incorporal
Eu
Ilícito
No escuro
Me consumo…
A respirar a meio prazo do tempo
Que em fim, assim incerto me findo.
Que venta
Cinza
Leve…escurecida
Desaparecerão continentes
Até á morte da partícula
Ínfima,
Asfixia
Que termina em coroa
Lágrima
Canto e
Bandeira
Cravada na terra.
Acarreto
Assim,
Cafés, cigarros
Jardins…
A mão e o seio
Invisíveis como
A memória e o cheiro.
Equacionada
A hora,
Do ser, de não ser
Metafísica
Divisível
Sem resto
Do absoluto que sou
Na subtracção do transpirar
Dias, certos e finitos.
Aqui onde não me importo
Com o segundo, a fracção,
O milésimo do minuto,
De nada que em nada já resto.
Incógnito ainda devoro,
Trapos do tempo que mói
Que dói
Ri
Expira e inspira
O universo em vazio,
Onde já só…
A metamorfose do som
Silencia o corpo
Em contrato
De termo certo
Irrevogável e eterno.
Já sem o querer
Que sinto do tacto
Em vontade de ter
Meu amor em adeus
Espinhos de rosa,
Tílias espalhadas,
Urtigas dormentes
No chão do meu fim…
Graça a minha
A deus, não crer,
E desaparecer desta face
Sem julgamento divino
Frio e erecto…
Homem sem culpa,
Que termina em coroa
Lágrima
Canto e
Bandeira
Cravado na terra.
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Comentários
Re: Incorporal
Lapis-Lazuli,
Este teu poema é de uma beleza hipnotizante...
"A metamorfose do som /silencia o corpo em contrato de termo certo /irrevogável e eterno."
Poesia grandiosa!
:-) Suzete Brainer.
Re: Incorporal
Do absoluto que sou
Na subtracção do transpirar
Dias, certos e finitos.
Erecto em silêncio cravado em mistério!!!
Bom poema!!!
:-)
Re: Incorporal
Sabe, já li uma dezena de vezes este poema.
E juro que não me canso.
Quase choro, cada vez que leio.
É das coisas mais belas que eu alguma vez li.
O âmago e a marca na historia dum grande poeta!
Como vc costuma dizer Lapis-Lazuli... esta é uma obra divina cercada de deuses «que eu gostava de ter sido o autor.»
Abraço.
Vitor.