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Memórias do desespero
Vinguei-me...
Por calamidades de paisagens em quadros de lágrimas tecidas,
a doce sanidade da ignorância dos cegos e condenados,
regredi à ténebre caverna das vis cerimónias,
tal nefasta influência que atrai favores e, em intolerante proeza...
Vinguei-me...
Destrocei paródias de palácios em sonhos construídos,
desbravei até aqueles tapetes de espuma sombriamente temidos,
resisti ao medo que os incultos religiosamente permitiam
e, envolto na capa dos tristes e desafortunados...
Vinguei-me...
Sustive um último lampejo de esperança dignificada,
embora a loucura já nos seus braços me tivesse tomado.
Eu, filho oculto de sentimentos desesperados,
inflamei os olhos dos empobrecidos e, em agonia...
Vinguei-me...
Tomei como minha a Lua para encobrir tão pérfidos crimes,
cortei caminho até pelo cortejo de venenosas filosofias.
Quis apenas o alívio desses gritos que os demónios da minha alma entoavam,
tal colecção de feitiços que em tudo me arrependia e, revoltado,...
Vinguei-me...
Não havia na noite nenhuma missa de amor nem beleza personificada,
era eu a sombra que a amargura quis como mito destronado.
Declamei meus vacilantes pensamentos aos consagrados ventos,
desmoronando a inocência, prestando às trevas homenagem e, em triste aparência...
Vinguei-me...
A minha glória já não figurava por entre os ilustres do mundo
nem podia mais reclamar a saúde como tradição dos vivos.
Só na terrível galeria dos condenados me podem agora encontrar,
pois, eu, triste clérigo de tempestuosa desolação...
Vinguei-me...
E morri,
para o eterno sofrimento nasci…
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Comentários
Re: Memórias do desespero
Vinguei-me...
E morri,
para o eterno sofrimento nasci…
Fantástico!!
Ainda bem que reapareceu ;-)
Abraço
Re: Memórias do desespero
Agradeço as vossas palavras:)
A distância deste reino é devido ao peso da alma...
A distância da escrita é devido ao peso do coração...
Tempos melhores têm de vir!!!
Tudo de bom para os dois!
Re: Memórias do desespero
Vinguei-me...
E morri,
para o eterno sofrimento nasci…
Muito bom!!!
:pint: