CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Vivo numa casa sem vista certa
Vivo numa casa sem vista certa
Vivo numa casa de pano pintado d’mar e vestida d'vento,
Sempre virada ao tempo, mesmo ao vento hostil do norte,
A maré protesta do interior dos búzios e na casa d’ fronte
Alguém vigia pelos vidros, d’noite e abala quando desperto,
Nem a conheço, nem sei porque escuta nos búzios lá fora,
Talvez deseje algo e não encontre no ermo, o que procura
Ou espere vindo da espiral, algum rumor humano.
Vivo na praia p’ra me fundir nela, deslembrado e lugar-comum,
Se nem música ouço cantar as paredes de papel e pano,
No meu lugar na casa de trapo, sentado em lado nenhum.
Vivo numa casa povoada do assombro das horas tardias,
Escoam-se nas linhas de chuva pingando do telhado,
Conspirando na infinita monotonia de vidas esquecidas,
Na casa ao lado, não sei quem dorme e se levanta cedo,
Pois todas as noites, o desassossego é íntimo da morgue,
Com um bando de tordos, a entrar e a sair trajados de preto,
De madrugada, cerro as portadas e acautelo do furto,
O refluxo do mar imerso, de quem, com olhos ávidos o persegue.
Vivo numa casa arrendada nos subúrbios e em ruínas,
Jurei lealdade ao senhorio que recebe o arrendamento,
Mas infiltra-se p’las fissuras raios da luz d’outro tempo,
Em que o julgado era mudo e condenado a luz de velas,
Deambulam pelo patíbulo da forca na casa contígua,
Ouço-os berrar numa berraria abafada pela água
Da enxurrada, que corre nas telhas e se torna em oceano,
Eu escuto no escuro, através do muro da casa de pano.
Vivo por aí ao Deus-dará, (sem etiqueta)
Envergando velhos sentidos d’trapo,
Guiado por falsas vistas e na falta destas, apenas pelo tacto,
Sem morada com vista certa…
Jorge Santos (11/2010)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2280 leituras
Add comment
other contents of Joel
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Geral | Não mudo | 0 | 1.446 | 01/13/2011 - 13:53 | Português | |
Prosas/Lembranças | Cruz D'espinhos | 0 | 3.132 | 01/13/2011 - 12:02 | Português | |
Prosas/Contos | Núri'as Ring | 0 | 1.674 | 01/13/2011 - 12:01 | Português | |
Poesia/Fantasia | Roxxanne | 0 | 2.175 | 01/13/2011 - 12:00 | Português | |
Poesia/Geral | Oração a um Deus Anão | 0 | 2.664 | 01/13/2011 - 11:58 | Português | |
Prosas/Saudade | O-Homem-que-desenhava-sombrinhas-nas-estrelas | 0 | 1.772 | 01/13/2011 - 11:57 | Português | |
Poesia/Geral | O fim dos tempos | 0 | 1.550 | 01/13/2011 - 11:52 | Português | |
Poesia/Geral | Terra á vista | 1 | 955 | 01/13/2011 - 02:13 | Português | |
Prosas/Lembranças | sete dias de bicicleta pelo caminho de Santiago francês | 0 | 3.170 | 01/13/2011 - 00:58 | Português | |
Poesia/Geral | Não sei que vida a minha | 1 | 977 | 01/12/2011 - 22:04 | Português | |
Poesia/Geral | o céu da boca | 0 | 1.084 | 01/12/2011 - 16:50 | Português | |
Poesia/Geral | Dispenso-a | 0 | 1.051 | 01/12/2011 - 16:38 | Português | |
Poesia/Geral | estranho | 0 | 1.644 | 01/12/2011 - 16:36 | Português | |
Poesia/Geral | comun | 0 | 1.689 | 01/12/2011 - 16:34 | Português | |
Poesia/Geral | desencantos | 0 | 1.130 | 01/12/2011 - 16:30 | Português | |
Poesia/Geral | Solidão não se bebe | 1 | 999 | 01/12/2011 - 03:11 | Português | |
Poesia/Geral | Nem que | 3 | 1.029 | 01/11/2011 - 11:39 | Português | |
Poesia/Geral | Manhã Manhosa | 2 | 1.583 | 01/11/2011 - 11:25 | Português | |
Poesia/Erótico | Seda Negra | 1 | 1.243 | 01/11/2011 - 00:19 | Português | |
Poesia/Meditação | Om... | 1 | 2.286 | 01/11/2011 - 00:11 | Português | |
Poesia/Geral | VOLTEI | 2 | 1.889 | 01/11/2011 - 00:09 | Português | |
Prosas/Mistério | O Chico Das Saias | 0 | 1.745 | 01/09/2011 - 21:26 | Português | |
Prosas/Lembranças | Nunca Mais | 0 | 1.220 | 01/09/2011 - 21:22 | Português | |
Prosas/Lembranças | Versus de Montanya Mayor | 0 | 2.037 | 01/09/2011 - 21:20 | Português | |
Prosas/Contos | Free Tibet | 0 | 1.531 | 01/09/2011 - 21:14 | Português |
Comentários
um namasté de (Jorge Santos)
um namasté de (Jorge Santos)