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“Imprensa e política são inseparáveis”

Imprensa nasce política no Brasil, se forma política no Rio Grande do Sul, e não poderia estar dissociada da política em Passo Fundo. Para historiador, querer uma imprensa neutra é utopia.

Querer uma imprensa neutra e apolítica é utopia. Conforme o historiador Paulo Monteiro, a sociedade, a polis e as pessoas que fazem as cidades se manifestam e isso é política. “A imprensa é o órgão que faz ecoar a voz da cidadania. Portanto, imprensa e política são inseparáveis”, afirma. Ele acredita que no Brasil, a imprensa nasce política, se forma política no Rio Grande do Sul, e a imprensa não poderia nascer dissociada da política em Passo Fundo.
A sua teoria começa a ser explicada pelo primeiro jornal brasileiro, o Correio Brasiliense de Hipólito da Costa, editado em Londres. Como ele era impresso na Inglaterra era proibido no Brasil, mas como era um impresso pequeno em formato de um livro, entrava contrabandeado no país. “A imprensa brasileira é eminentemente política. Está ligada à expressão das idéias, das ideologias”, salienta. Para ele, assim era no Brasil, e assim era no RS. Tanto que as idéias antes ou durante a Revolução Farroupilha estão registradas nos jornais da época. A situação não poderia ser diferente em Passo Fundo.
Monteiro destaca que é impossível pensar em uma imprensa neutra em Passo Fundo, justamente porque é uma cidade que desde os seus primórdios, era politizada. No início, havia a divisão, muito clara, da sociedade civil representada por Manuel José das Neves e a sociedade política representada por Joaquim Fagundes dos Reis, tanto que durante a Revolução Farroupilha, período em que aconteceu um crescimento, debate e uma clara posição política da imprensa, o cabo Neves apóia os imperiais e Fagundes dos Reis o lado Farroupilha. “Imprensa e política são inseparáveis, o que pode haver é a separação entre imprensa e partidos”, enfatiza.
Segundo Monteiro, os primeiros jornais de Passo Fundo, o Echo da Verdade e O Gaúcho, eram jornais eminentemente partidários, ligados ao Partido Republicano Rio-Grandense, partido que até a década de 30 manteve a hegemonia do Estado, a chamada ditadura castilhista. Esse partido dominou a política no RS por mais de 30 anos. O jornal A Luta, do jornalista Túlio Fontoura, por exemplo, acaba fechado durante a Revolução de 32, quando Fontoura optou, a exemplo da oposição rio-grandense, em apoiar a Revolução Constitucionalista Paulista, que pretendia um processo de consolidação democrática, com novas eleições. Naquela época se previa a consolidação do governo Getúlio Vargas como uma ditadura, tanto que ele ficou 15 anos no poder. “Aqueles que se opunham à instalação de uma ditadura participaram desta chamada Revolução Constitucionalista. A imprensa em Passo Fundo sempre teve esta questão política, e não seria diferente porque a politização em Passo Fundo sempre foi acentuada”, salienta.
A politização, de acordo com Monteiro, também está ligada à tradição cultural. O ambiente na cidade sempre foi efervescente e em Passo Fundo as discussões políticas sempre foram intensas. Para ele, a história política de Passo Fundo marca uma clara divisão desde o Império entre o Partido Conservador, liderado pela família Annes, e o Partido Liberal, liderado pelo general Prestes Guimarães. Depois essa divisão continua com Federalistas e Republicanos e vem até os dias de hoje, onde, segundo ele, há geralmente eleições polarizadas e com divisões bastante claras. “Essas divisões se expressam e têm voz, e muitas vezes as vozes desses grupos são os jornais. Por isso, a tradição de termos, há mais de meio século, dois jornais que garantem a expressão de todas as forças políticas de Passo Fundo. O que muitos vêem como um mal, na verdade, é uma maneira de se expressar. Existem canais na cidade onde todas as idéias podem ser expostas”, salientou.
Monteiro destacou que Passo Fundo é uma das cidades do Estado que tem uma das imprensas mais fortes. Segundo ele, o fato de existir dois jornais diários há mais de meio século prova a necessidade de informação. Outro detalhe importante, em sua concepção, é que os nossos jornais, embora noticiosos, têm uma tradição de abrir espaço para a produção cultural literária. “Se pegarmos os primeiros números dos nossos dois diários em circulação, seja na década de 20 ou de 30, vemos já nos primeiros números a grande produção cultural com contos, ensaios, crônicas, polêmicas, debates. Enfim, a riqueza de nossa imprensa é muito grande em termos do RS”, afirmou.
(Transcrito do Caderno Especial “200 Anos da Imprensa Brasileira”, sábado e domingo, 6 e 7 de dezembro de 2008, p. 7, editado em comemoração aos 73 anos do jornal Diário da Manhã, de Passo Fundo).

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domingo, fevereiro 8, 2009 - 21:33

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