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As Origens das Bombachas
Paulo Monteiro
A primitiva roupa típica do gaúcho era o chiripá, “constante de uma peça de fazenda de 1,5m de comprimento, que passando por entre as pernas, era amarrada à cintura, pelo tirador ou por uma cinta de couro”, segundo Luiz Carlos de Moraes, autor de um Vocabulário Sul-rio-grandense, publicado em 1935, pela Editora Globo.
O mesmo Luiz Carlos de Moraes informa que alguns chiripás eram de luxo, rendados ou de fazenda fina e lembra que Giuseppe Garibaldi, em suas memórias, faz referência ao chiripá, como vestimenta usada no Rio Grande do Sul, durante a Revolução Farroupilha (1835-1845). No mesmo período, tanto na Argentina quanto no Uruguai, era a vestimenta típica dos gaúchos. Os próprios caudilhos platinos, contemporâneos dos farroupilhas, como Peñalosa, faziam questão de vestir o chiripá, como forma de identificação com os seus comandados.
Luiz Carlos de Moraes, em sua obra antes citada, assim define a bombacha: “s.f. calças muito largas, apertadas acima dos tornozelos por meio de botões; muito usadas pelos campeiros. A palavra, que se emprega mais no plural, é antiga na língua, e designava “calções largos, que se atavam por baixo dos joelhos’ – Figueiredo”. Ainda, segundo o mesmo autor, no Rio Grande do Sul as bombachas são “de uso relativamente moderno, pois, na descrição da indumentária gaúcha, feita (na obra Notícia Descritiva da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul) por Nicolau Dreys, que por aqui esteve em 1917... não se encontra esta vestimenta”.
Castilhos Goycochea, em artigo publicado na Revista do Instituto Histórico do Rio Grande do Sul, número correspondente ao 1º trimestre de 1942, assegura que a bombacha, usada entre nós, foi trazida da Espanha para a região de San José, no Uruguai, por imigrantes procedentes da Maragataria.
Alguns autores afirmam que as primeiras bombachas foram fabricadas na França para vestimenta de combatentes na Guerra da Criméia (1853-1856). Na verdade, a guerra só terminaria em 1878, com a “partilha do Império Turco” pelas superpotências européias e a retirada das tropas russas. Com o fim da guerra, sobrou um grande estoque daquele tipo de fardamento que seria usado pelos soldados turcos, aliados dos ingleses. Para desencalharem aquelas roupas, venderam a preço de banana aos argentinos, espalhando-se pela campanha e caindo no gosto dos gaúchos.
Nas negociações para aquisição de 100.000 bombachas estariam envolvidos o poeta Hilário Ascasubi, o representante consular francês junto ao governo de Paraná e o então ditador de Entre-Rios, Justo José Urquiza. Os argentinos não desembolsaram dinheiro, mas efetuaram o pagamento mediante a troca direta de produtos, também conhecida como escambo. As bombachas da primeira remessa eram vermelhas, e tinham sido fabricadas para soldados africanos conhecidos como “Chasseurs d’Afrique”, servindo sob o exército francês e foram distribuídas entre as tropas entre-rianas de linha. A segunda remessa era de bombachas de cor cinza-escuro, de um pano bastante rústico. Acabaram prevalecendo.
Comerciantes de Montevidéu e Buenos Aires também importaram bombachas que passaram a distribuir entre as pulperías do interior.
A praticidade das bombachas – o gaúcho, via de regra, emprega a palavra no plural –, largas para montar ou para desmontar, não assando as pernas do cavaleiro, contribuiu para que se difundisse entre os homens do campo. Logo virou moda. Alfaiates da Campanha começaram a fabricar até bombachas pretas para velórios ou luto e bombachas brancas, para festas. As mulheres também aderiram à moda. Trocaram os longos vestidos por bombachas bordadas com flores cor-de-rosa. Virando moda, as bombachas foram adquirindo particularidades regionais e satisfazendo a gostos pessoais. Daí, a variedade de “cortes”.
No Litoral e na Campanha as bombachas de uso diário sempre foram mais largas do que nas regiões serranas.
Uma coisa é certa, quer tenham sido sobra da Guerra da Criméia; quer tenham sito trazidas pelos maragatos para San José ou quer ainda pelas duas maneiras, as bombachas entraram no Uruguai, Argentina e Rio Grande do Sul depois da guerra contra o Paraguai (1865-1870). E se popularizaram, junto com a cordeona, trazida pelos imigrantes europeus, como diz uma conhecida quadrinha popular:
A gaita matou a viola,
O fósforo matou o isqueiro,
A bombacha o chiripá,
A moda o uso campeiro.
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