CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Podia ter acontecido
Caminhavam lado a lado. O jardim florido, arborizado, os bancos desertos. Tudo tão presente, belo, esperando a atenção merecida. Contudo,
as pessoas passavam, concentradas em si mesmas e nem um olhar afável se lhes dirigia…
- Mas afinal entendes-me? Sabes o que penso, o que sinto?
Esperava, pelo menos, um leve sinal de assentimento.
- Vês, parece que nem me ouves! Puro de-sin-te-re-sse! – concluiu marcando as sílabas numa vaga esperança de o acordar daquela letargia.
Desta vez pareceu-lhe que os lábios iriam pronunciar algo parecido a um “estás enganada”. Mas nenhum som foi audível. Seriam fantasmas
de si próprios? Perpasssou-lhe a ideia de estar a caminhar sozinha. Que a sua mente projetava uma companhia. Olhou para trás para se
certificar se via a sombra que, certamente, o sol ardente faria desenhar no passeio onde espreitavam parcas relvas ressequidas. Sim, havia
uma sombra.
Atreveu-se. Estacou e postou-se à sua frente, enlaçando-o.
- Por favor, diz alguma coisa! Esse mutismo é atroz. Exaspera!
- Que queres ouvir? – volveu quase rispidamente.
Emudeceu. Desconcertada ouvia o silêncio em que as suas palavras se haviam transformado.
Amedrontada, afastou-se ligeiramente. Um vago receio do que poderia ser dito, devolveu-lhe a consciência do papel ridículo que estava a
fazer. Tinha de sair daquela cena.
- Corta! O guião não previa esta deixa!
Estugou o passo, saiu do cenário mas ainda vislumbrou, de soslaio, o outro personagem sentar-se num banco do jardim postiço, sorrindo
estupidamente. Pelo menos assim lhe pareceu…
Odete Ferreira 22-01-2012
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2215 leituras
Add comment
other contents of Odete Ferreira
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Fantasia | Entre viagens | 4 | 1.047 | 07/12/2012 - 20:47 | Português | |
Poesia/Meditação | Preguiçosa, vejo | 2 | 2.534 | 07/04/2012 - 23:51 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Amo-te... | 4 | 1.364 | 07/04/2012 - 23:45 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Pensamento | 4 | 2.369 | 06/21/2012 - 23:32 | Português | |
Poesia/Geral | Suspiro | 4 | 2.226 | 06/21/2012 - 16:50 | Português | |
Poesia/Fantasia | Surreal I | 4 | 726 | 06/13/2012 - 23:32 | Português | |
Poesia/Tristeza | A algia da nostalgia | 4 | 4.123 | 06/07/2012 - 23:02 | Português | |
Videos/Música | Majesty | 0 | 1.653 | 05/29/2012 - 00:45 | Português | |
Prosas/Lembranças | Coração de mãe | 6 | 2.016 | 05/24/2012 - 17:49 | Português | |
Poesia/Alegria | "Em Suspenso" | 4 | 1.293 | 05/24/2012 - 15:32 | Português | |
Poesia/Amor | Flor, rosa fogo | 2 | 3.495 | 05/21/2012 - 01:53 | Português | |
Poesia/Intervenção | Pobreza (in)visível | 10 | 3.191 | 05/14/2012 - 20:47 | Português | |
Poesia/Dedicado | O filho do teu sorriso | 11 | 2.823 | 05/05/2012 - 17:45 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Bom dia, manhã menina! | 0 | 807 | 05/04/2012 - 19:07 | Português | |
Poesia/Meditação | Revolução (em retração) | 6 | 951 | 05/04/2012 - 01:41 | Português | |
Prosas/Outros | Em tela (me) pinto… | 7 | 2.384 | 04/13/2012 - 16:11 | Português | |
Poesia/Meditação | Páscoa da irmandade | 9 | 2.502 | 04/12/2012 - 18:53 | Português | |
Poesia/Fantasia | Sonho mental | 15 | 3.601 | 04/12/2012 - 18:39 | Português | |
Poesia/Alegria | Ensopado humorado | 8 | 2.289 | 04/08/2012 - 02:21 | Português | |
Poesia/Fantasia | Enfeito a alma dos jardins | 7 | 2.411 | 04/03/2012 - 03:22 | Português | |
Poesia/Dedicado | POESIA DE(A) PRIMAVERA | 10 | 3.065 | 03/29/2012 - 18:06 | Português | |
Poesia/Dedicado | Pai de tempos idos | 6 | 2.343 | 03/20/2012 - 22:24 | Português | |
Poesia/Alegria | Cidade enovelada | 6 | 2.949 | 03/19/2012 - 02:34 | Português | |
Prosas/Pensamentos | Afinal existe a chave da felicidade | 7 | 3.199 | 03/04/2012 - 22:25 | Português | |
Poesia/Amor | Amor sente-se no verso da poesia | 18 | 1.729 | 02/28/2012 - 18:34 | Português |
Comentários
Lendo, parece uma cena de
Lendo, parece uma cena de cinema poeticamente descrita e claro com esse teu talento e sensibilidade, nos remete a reflexão sobre a solidão,a carência, a existência(e seus cenários)...
Sempre adoro ler-te!!
Beijinho
P/ Suzete Brainer (Podia ter acontecido)
Querida amiga Suzete: sempre atenta e acertando na "mouche" , com o seu comentário, na mensagem...
Muito grata pela presença e carinho
Bjo no
Li com interesse.
Li com interesse. Gostei
Poderia ter acontecido, certamente.
É tristemente comum.
Por vezes, é só ao sair de cena, que damos conta que estávamos no filme errado.
Beijinhos Odete. Continua.
P/Teresa Almeida(Podia ter acontecido)
Obg, querida Teresa pela tua leitura e comentário.
Não querendo repetir o que já deixei em anteriores respostas, acrescento que , em cinema, recebe-se para se fazer determinado papel.
Na vida real, muitas vezes, paga-se bem caro essa representação! Contudo, este é apenas mais um texto fantasiado, com algum enredo
podendo ser parte de um guião para um filme...Diria mesmo que há por aqui algum non-sense pois pode deixar dúvidas no leitor...
Bjos, amiga
Uma cena patéticamente
Uma cena patéticamente real.
A falta de comunicação/entendimento entre as pessoas sobrepôe-se a inúmeros outros valores.
É caso para perguntar: afinal o que procuramos, o que desejamos?
Realidade e surrealismo num confronto inglório, é um facto.
Parabéns pelo texto, magníficamente escrito, e pelo enredo, soberbamente escolhido.
A Odete já nos habituou à sua excelência (Sua Excelência :-))de escrita, e nós deleitamo-nos...
Bjs
P/Nostalgia (Podia ter acontecido)
Que exagero, amiga Nostalgia! Escrevo mas daí à excelência!!!
Sei que é impossível ler tudo uns dos outros. Isto para dizer que, sobretudo em prosa, escrevo em diversas tipologias
(reflexão pessoal, carácter jornalístico, tipo crónica, fantasia e este género, uma espécie de guião para filme
- frequentemente há o fator surpresa, o non-sense, humor, enfim...).
Este é isto mesmo "podia ter acontecido" ou acontece mesmo...
Bjos (com toda a minha humildade, na questão literária.)
Parabéns!
De amor próprio se fala, e como ele é tão mais importante neste mundo cada vez mais egoista. Gostei
Beijinhos
Jorge Humberto
P/ Jorge Humberto (Podia ter acontecido)
Obg, amigo Jorge, pela leitua, apreciação e comentário adequado.
Não sei que tipo de egoísmo magoa mais, há-os bem escalonados...
O pior será o que eu considero de "desprezo/indiferença" pelos sentimentos de outrém,
em favor do seu próprio bem estar.
Bjo, amigo
P/Pearl (Podia ter acontecido)
Concordo, Pearl...
Contudo, nem sempre se cosegue estar nesse patamar, por falta, a meu ver, de amor-próprio!
Obg pela leitura e comentário certeiro!
Bjo
Há cenas das quais não
Há cenas das quais não devemos fazer parte muito menos protagonizar.
:)
um beijo