Prisão da alma

Os dedos mexem autonomamente
E a cabeça começa a fervilhar.
Nunca vivo calmamente
Porque estou sempre a pensar.

Ser fútil e vazia
Talvez menos me inquietasse.
Queria paz um só dia!
Algo que me libertasse.

Cada raciocínio feito
Um desejo a emergir.
Oh, o meu maior defeito
É esta necessidade de redigir.

Assim, vivo para as páginas
Que em branco se mostram,
Impondo apenas duas margens
Onde as minhas mãos encostam.

Sou prisioneira da literatura.
Não tenho o meu próprio viver.
Até esta amargura,
Estou a soltá-la a escrever.

Um papel e uma caneta
São o meu oxigénio
Como a prótese o é para o perneta.
E não…não sou nenhum génio!

Chega a ser doloroso
Não conseguir pensar em seco.
Que castigo maldoso
As letras serem o meu beco.

Fecho os olhos e pronto,
Lá vem a imaginação
Que faz ponto de encontro
Com a minha intuição.

Agora mesmo devia estudar
E pousar este maldito bloco.
Mas não paro de pensar
E a folha é o meu foco.

Já nada mais há a esperar.
Este é o meu viver.
E só quando parar de respirar
Deixarei de escrever!

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Wednesday, August 31, 2011 - 16:09

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Rosa Negra

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