ALMA ULTRA CORPO ACIMA SETE PALMOS

Corpo frio,
arrumado por de trás dos olhos.
Mumificado em mortalhas de vida.

Olhos abertamente fechados
pelo escuro que me envolve o ar.
Olhar que vê menos do que as mãos sentem.

O que sentem é este corpo
esquecido a sete palmos de terra
como semente infértil entre a poeira.
Como lume espera a faísca que não chispa.

Estendido nesta noite
onde as estrelas são pedras sobre pedras.
O luar são bichos em banquete nesta maré imóvel.

Sete palmos acima,
a alma prossegue como joguete do tempo.
Foge como vento sem leme, cai como esfera
de uma roleta russa pela vindima da eternidade.

E o corpo aqui morto, sepultado
num caixão de palavras em eco curto.
Palavras que aqui jazem comigo engaiolado
em pranto. Indizíveis. Impossíveis de escrever em mim.

Sete palmos acima,
a alma voa pelo ar como peixe
finta os labirintos da água no fundo do mar.

Habita as folhas caídas em saudade
pelo chão que deixei sete palmos acima.
Vive sem mim por aí acima dos sete palmos.

 

 

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Sunday, October 30, 2011 - 23:12

Poesia :

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Henrique

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Comments

apsferreira's picture

Enquanto vive-se na memória...

Enquanto vive-se na memória das gentes,

não se deixa de viver - de se permanecer no mundo - se bem

que de uma forma passiva,

Gostei de te ler,

:-)

Eye Lii's picture

Olá Henrique! Gosto muito da

Olá Henrique! smiley

Gosto muito da maneira como descreves a morte, aquilo que acontece ao corpo e alma.

Tenho um grande fascinío pela morte, pelo seu lado misterioso e desconhecido. 

Acho que faz parte da nossa vida, apesar de que para muita gente ainda é tabu.

É triste quando acontece a alguém que nos é querido, mas a vida é mesmo assim...quem sabe se não vamos para um sitio melhor??

Muito bom, 5*****

Beijo

 

 

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