Corre para a vida

É a sequência desordenada de um círculo recto; a quietude de um furacão na sua apoteose. É vida a pulsar nos desejos de um homem morto. É chuva quente no seu estado sólido, caindo sobre o deserto. É a procura incessante daquilo que não quer ser encontrado. É loucura no seu estado são; é essa pureza do teu olhar pecador: a sequência de não sentidos que me guia no caminho - que eu sei ser o - certo.

Na corrida mais lenta de sempre é o coxo que avança, cheio de esperança no seu valor; porque as probabilidades são para ser contrariadas e o decurso natural da vida para ser contestado. Tudo tem de ser posto em causa e, se possível, virado de pernas para o ar.

E, ainda assim, somos ultrapassados pelo anão a fazer o pino, pela criança no seu triciclo e até pelo caracol - o campeão mundial das corridas no solo. Por vezes, é preciso vir o "pequenino" para nos fazer perceber que "grandes" são aqueles que desafiam o certo e vencem o inusitado; que muitas vezes a vitória não significa ser o primeiro a cortar a meta, mas é tudo aquilo que aprendemos no seu decurso; e que a sabedoria de aceitar as fraquezas e diferenças, faz - efectivamente- toda a diferença.

Mesmo naquilo que somos menos bons, podemos assumir as rédeas; existirá sempre alguém pior e melhor, mas ninguém com mais crença naquilo que é capaz de fazer do que nós mesmos.No fim de contas  vida é para ser vivida e não desperdiçada; os sonhos para serem construídos e não ficarem por realizar.

Manter a vontade de gigante, mesmo que tenhamos força de rato; é tudo o que precisamos. É o que se passa: o que tem de se passar. Vida, sempre.