Uma novidade: A perfeição não existe, caso contrário não existiria amor
Tens saudades. Muitas. Tens saudades daquilo que poderiam ter sido; do amor que um dia foi o vosso; da vida que sonharam juntos. São calmos os tempos de abandono; sibilante monotonia que envolve o teu arrastado presente - a vida tornou-se inexpressiva, como um boneco já gasto pelo uso. E no entanto, estás tão perto dessa pessoa. Podes olhá-la, podes tocá-la, estás tão perto, terrivelmente perto dela.
Mas o infinito dos teus olhos já não é maresia acolhedora - é gelo cortante; o teu toque já não é suave e meigo - é áspero e seco. As tuas palavras já não soltam magia - simplesmente se esgotaram no vazio da pessoa que te tornaste ( ou da pessoa que sempre foste).
É um erro pedirmos a eternidade quando tudo o que temos são meros instantes - de tal forma raros, que toldam as recordações, enevoam os sentimentos e confundem o coração. Tens saudades, sim: mas talvez sejam saudades de sonhar; do tempo em que te ajudaram a voar, do tempo em que era essa pessoa o teu sonho. Talvez ela nem sequer tenha mudado assim tanto, se calhar foste tu que viste mal; talvez tenhas imaginado algo que nunca existira; talvez.
Grande parte dos nossos erros é esperar demais dos outros: tentamos camuflar a todo o custo as nossas falhas ao exigir a perfeição. Uma novidade: a perfeição não existe, caso contrário não existiria amor. Qual a necessidade de amar alguém sem defeitos? Isso seria muito fácil e o amor, definitivamente, não o é - nem pode ser.
O Amor exige defeitos, falhas, dificuldades, discussões, conflitos, para que possa crescer e, ainda mais importante, para que possa durar. A maior prova de amor é exactamente aceitar os defeitos de quem amamos e tentar viver com eles, tentar amá-los também (e como é difícil).
Ironicamente és uma dessas pessoas que sofre constantes desilusões por esperar demasiado dos outros: uma lacuna que tens tentado suprimir a todo o custo - sem sucesso algum. Talvez sejam os teus olhos que a fazem agora de vilã da história, quando outrora foi o herói, esta tua incapacidade de descer à terra e ver as coisas sem floreados nem segundas intenções.
Na verdade o reflexo dos teus olhos transmite mágoa; sim é isso. Mágoa de não teres sido quem essa pessoa esperava que fosses, de não conseguires dar o que ela merecia, de não estares à altura. Descansa ninguém está. Para quem exige a perfeição está reservada a solidão, acredita em mim - eu sei.
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