PSICOSE?
I
Sinceramente não suporto a solidão dos prédios
(Nem os ruídos das cidades)
que simbolizam o peso bruto
da heterogeneidade das classes sociais
Acreditando no significado melodioso das folhas verdes das palmeiras
Variáveis posição e cor
( chamado ritmo tropical)
Como poderei conseguirei cantar pedaços de pedra betonada
Mumificadoras das multidões habitantes de suas entranhas
Ou glorificar o asfalto mártir dos pés e automóveis citadinos?
Um sofá onde encaixo ancas e costas, outro para colocar os pés
Espero a inspiração o grito de uma Musa
Estou lento e sem reflexos
Penso no que escrevo porque rabisco o que não sinto
HORRORIZA-ME A PONTE SOBRE O TEJO (COMENDO ESPAÇOS COM GOELAS DE AÇO)
HORIZONTES AZUIS SEM PALMEIRAS
Palmeiras, palmeiras, palmeiras
Qualquer psiquiatra ditaria: SOFRE DE NEUROSE TROPICAL
Não
Saudade-se sente-se é saudade a neurose não é porque não sabe a ausência
Quem ama a cidade é amante de pedras e cimento
As pedras da floresta choram com musgo com capim e o lacrau nasce sob ela
É
Um calhau com vida!
O cimento magoa não agrada aos olhos
por violar um tecto celeste em noites cerradas
Estrelas candentes bailando num espaço vazio...
AÍ
Serei filósofo, poeta ou psicopata?
Chamastes-me inadaptados, meu amor?
Apenas sou lama das bolanhas
Bago dos arrozais
O pipilar dos malaguetas!
Assemelhe-me ao poilão solitáioMas não é um hábito
Hábito de frade franciscano não me representa
Diariamente me ofereço voluntário para orgias voluptuosas postas nas palavras em forma de poema
Só acredito em irmandades de igualdade e democracia
E não desejo fazer penitência envergando um hábito
Basta-me tomar esta aparência repousada e pacifica
Sou antes e talvez um termoacumulador
III
Minha amante adultera de um casal sem paz gritou no auge dum orgasmo:
Amo teus olhos lindos
Um poilão com olhos verdes?
Nunca vi...
Riam-se desta afirmação
Chorem.se
Rasguem-me que não conseguem
Colham apenas estas páginas
E podem utilizá-las até num beiral da retrete
Mas tomem uma atitude
Eu já me afirmei
Atitudes não se tomam, comem-se,digerem-se e arrotam-se.
III
Atitude do Homem das cavernas:
Menino coma com as mãos
Atitude do homem de salão:
Menino coma com colher
ATITUDE DESTAS CRIANÇAS: NENHUMA
Atitude de uma Mãe numa rua de Lisboa:
Ai menino cuidado ficas debaixo dum autocarro!
O autocarro é tão pesado para uma criança
Mas há muitas com carros de combate em cima
É tudo tão pesado para a Criança( atitude do poeta)
Não será o poeta uma eterna criança esmagado pelo peso destes prédios de betão armado?
Não serei um panzer pesadamente imaginário
ou mais um navio fantasma
Sim sim
Eu aqui junto à serra de Sintra
tão difusa de mim
Sou sim .
um navio fantasma
rumo a um Paraiso Tropical
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Irá crescer. Irá ser flor.
Irá crescer. Irá ser flor. Irá amar
Irá lembrar que por baixo das chaminés
Das casas, dos carros, do cimento e dos esgotos
Ainda há terra viva
Os amores impossíveis acontecem
Neste paraíso há um ritmo
Neste paraíso há um ritmo tropical que nos prende.
Cantamos com as folhas verdes das palmeiras e,
por outro lado, sentimo-nos esmagados com o peso do betão armado.
Parabéns António.
Abraço.
Sou antes e talvez um termoacumulador
Sou antes e talvez um termoacumulador diz esta a quem diagnosticaram D.P. Limitrofe. identifico-me, mas psicoticos são os outros que se enquadram nos cenários de cimento, nós caro amigo somos poetas! o mundo precisa de nós!