Inocência Roubada

No silêncio da noite roubaram-me
A inocência de minha alma.
Com promessas de amor e felicidade
Palavras induziram-me a entregar
O corpo para a prostituição.

O vazio da dispensa lá de casa
E o choro de meus irmãozinhos
Mistura-se com o vazio da minha alma
Na busca de prazer
Para acalmar a minha ilusão.

Na esperança de encontrar alimento
Entrego meu corpo.
Não sei se o que sinto é prazer
Ou repulsa
Sinto-me no fundo do poço.

A vida é ingrata aqui nesta cidade
Não oferece alternativa de vida.
O pouco que meus pais ganham
Não dá pra comprar o pão
E as dividas está até o pescoço.

Disseram-me que as crianças
Têm direito a brincadeira
Mas me negam a oportunidade de brincar.

Desfizeram minha inocência e minha felicidade
Nos braços imundos de homens
Que me obrigam a amar.

Obs: Este poema retrata a angústia de uma adolescente que, aos 12 anos, representa as inúmeras que vagam pelas ruas dessa cidade.

Odair José
Poeta e Escritor Cacerense

Submited by

Thursday, July 9, 2009 - 17:31

Poesia :

No votes yet

Odairjsilva

Odairjsilva's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 8 hours 37 min ago
Joined: 04/07/2009
Posts:
Points: 20899

Comments

KeilaPatricia's picture

Re: Inocência Roubada

Essa é uma cruel realidade...

:-?

Poetaminas's picture

Re: Inocência Roubada

Esta é uma das piores coisas que um pai pode permitir. Deixar que a filha se prostitua criança ainda para conseguir alimento.
Como é possível que com os bolsa família e bolsa escola, seja necessário macular a inocência de uma criança, apodrecendo seu ´corpo precocemente à cata de subsistência? Os pais ganham pouco, mas existem ajudas que o governo dá às famílias pobres, instituiçãos ajudam famílias com crianças. Será que eles ganham pouco ou não querem trabalhar e colocam a filha para resolver suas privações. Nada pode ser mais triste do que fazer uma criança passar por isto. É revoltante!! bjs

Add comment

Login to post comments

other contents of Odairjsilva

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Joy Viva hoje 7 58 12/28/2025 - 12:24 Portuguese
Poesia/Passion O desejo que não posso sentir 7 23 12/28/2025 - 12:21 Portuguese
Poesia/Meditation Medo de transbordar 7 142 12/28/2025 - 12:16 Portuguese
Poesia/Disillusion O que parecia amor 7 276 12/26/2025 - 13:33 Portuguese
Poesia/Disillusion Pensar em você não é escolha 7 65 12/25/2025 - 14:11 Portuguese
Poesia/Passion A chave dos desejos 7 46 12/25/2025 - 14:06 Portuguese
Poesia/Love O que o coração está sentindo 7 384 12/23/2025 - 14:47 Portuguese
Poesia/Love Ser escravo do amor 7 79 12/23/2025 - 14:38 Portuguese
Poesia/Meditation Verdades fabricadas 7 456 12/23/2025 - 14:30 Portuguese
Poesia/Meditation O fardo de entender as coisas 7 386 12/21/2025 - 13:40 Portuguese
Poesia/Love Há no teu olhar 7 69 12/21/2025 - 13:36 Portuguese
Poesia/Intervention Casas em ruínas no centro de Cáceres 7 174 12/21/2025 - 13:32 Portuguese
Poesia/Thoughts Vivos no hoje que não existe 7 215 12/18/2025 - 12:42 Portuguese
Poesia/Love As delícias do seu amor 7 143 12/18/2025 - 12:38 Portuguese
Poesia/Meditation Ver é um ato de vontade 7 264 12/18/2025 - 12:34 Portuguese
Poesia/Disillusion Digo que é o vento 10 302 12/18/2025 - 12:30 Portuguese
Poesia/Dedicated Ode ao Marco do Jauru 7 328 11/01/2025 - 12:33 Portuguese
Poesia/Disillusion Libertação 7 377 11/01/2025 - 12:32 Portuguese
Poesia/Meditation Os inúteis 7 533 11/01/2025 - 12:30 Portuguese
Poesia/Meditation Caminhar entre pedras 7 380 10/30/2025 - 21:50 Portuguese
Poesia/Thoughts O fardo da vida adulta 7 349 10/30/2025 - 21:49 Portuguese
Poesia/Meditation O incômodo da poesia 7 326 10/30/2025 - 21:47 Portuguese
Poesia/Thoughts Nos bancos escolares 7 487 10/29/2025 - 21:55 Portuguese
Poesia/Meditation Até o limite do silêncio 8 251 10/29/2025 - 21:54 Portuguese
Poesia/Disillusion No vazio 7 304 10/29/2025 - 21:53 Portuguese