Atol
Tenho amigos seletos que estóico bebo suas letras
No bar de rocha ao lado da floresta de álcool
Num impávido desejo de desejar quem me seqüestra
Nas horas impróprias de minha consciência atol.
Meu amigo Lúcifer também se embebeda
No rubro tonel de madeira
Onde a célebre cachaça de barro
Fermentada por vermes abóbadas
Rastejam em nossos cérebros de lebre.
Na neártica e paleártica da massa branca
Saltam sobre a constelação austral do planeta pensante.
Mil magos, mil deuses, mil anjos abrem a tranca
Do calabouço das divindades de serpentes,
Para lutarem na batalha do poeta almirante,
Dos plácidos, dos congelados e humilhados tenentes.
A guerra dos ouvidos e das bocas flamejantes,
Cujo líder é o Lúcifer dos passos brandos.
O poeta dos infernos materiais, da obscenidade,
Do pecado morto na curva da BR paraíso-inferno.
Neste combate, Lúcifer está sozinho,
Sem a Lú, sem a Ci, sem a Fer... Está enfermo.
O homem o traiu e juntou-se ao vizinho.
Pobres idiotas com asas sem penas
Que moram nas nuvens de areia movediça
Não sabem que o inferno é o atalho para o paraíso,
E que a treva é uma boate
E que o céu é uma dama
Sem graça e ruim de cama.
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Comments
Re: Atol
Alcantara!
Atol
Pobres idiotas com asas sem penas
Que moram nas nuvens de areia movediça
Não sabem que o inferno é o atalho para o paraíso,
E que a treva é uma boate
E que o céu é uma dama
Sem graça e ruim de cama.
Lindo poema, quem gostar faça seu uso!
MarneDulinski
Re: Atol
Alcantra,
Confesso que ao ler achei estranho, diferente e inusitado...Gostei, um gostar diferente, mas irei me policiar a observar melhor o teu jeito de olhar...
Re: Atol
Gostei bastante deste poema.
Parabéns,
Um abraço,
REF
Re: Atol
Nunca tinha lido uma poesia tão estranha na minha vida. Você conseguiu ser sarcástico, irônico, metafórico e cativante ao mesmo tempo. Vou te ler mais!