Vidas Urbanas (Recomeçar)
Ao cair da tarde
Vêm notícias do porto
Maresias e correntes do sul
E o cais adormece sob a luz prateada.
Os homens em gotas do suor de um árduo dia
Aportam barcos, pesam o pescado,
recebem algum trocado
e caminhamcom andar trôpego, no retorno ao distante lar...
A vida se repete em comboios, coletivos,
trens que se cruzam e, em filas
que se formam em espaços comprimidos.
Atravessam ruas, avenidas, viadutos, esquinas.
Linhas de aventura, traçados de trajetórias humanas.
Neste tempo de trânsito, juntam-se gerações,
Cumpre-se a história de nossos horizontes,
Da singularidade de cada pessoa, de nossas vidas.
Às vezes se percebe uma brisa
Que percorre e areja os poros, suavizando o cansaço.
Ou o alegre brincar do pincel do vento com as nuvens retrata quadro singular do poente e a todos fascina.
Da terna natureza recortada surge cheiro de mata.
A vastidão de arranha-céus para trás fica.
Agora só resta o desejo do aconchego
e amanhã outra vez... recomeçar.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 2009.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1229 reads
Add comment
other contents of AjAraujo
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Poetrix | Poemas - de "Magma" (Guimarães Rosa) | 2 | 25.439 | 06/11/2019 - 10:48 | Portuguese | |
Videos/Music | Ave Maria - Schubert (Andre Rieu & Mirusia Louwerse) | 1 | 47.765 | 06/11/2019 - 10:02 | English | |
Poesia/Fantasy | Cabelos de fogo | 0 | 5.353 | 04/28/2018 - 20:38 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A criança dentro de ti | 0 | 4.060 | 04/28/2018 - 20:20 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | O porto espiritual | 0 | 4.876 | 04/28/2018 - 20:00 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Ano Novo (Ferreira Gullar) | 1 | 3.922 | 02/20/2018 - 18:17 | Portuguese | |
Prosas/Drama | Os ninguéns (Eduardo Galeano) | 0 | 5.285 | 12/31/2017 - 18:09 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Passagem de ano (Carlos Drummond de Andrade) | 0 | 5.530 | 12/31/2017 - 17:59 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Um conto de dor e neve (AjAraujo) | 0 | 7.925 | 12/20/2016 - 10:42 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Conto de Natal (Rubem Braga) | 0 | 7.138 | 12/20/2016 - 10:28 | Portuguese | |
Prosas/Contos | A mensagem na garrafa - conto de Natal (AjAraujo) | 0 | 8.207 | 12/04/2016 - 12:46 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Educar não é... castigar (AjAraujo) | 0 | 4.694 | 07/07/2016 - 23:54 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Dois Anjos (Gabriela Mistral) | 0 | 7.034 | 08/04/2015 - 22:50 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Fonte (Gabriela Mistral) | 0 | 5.052 | 08/04/2015 - 21:58 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O Hino Cotidiano (Gabriela Mistral) | 0 | 6.043 | 08/04/2015 - 21:52 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | As portas não são obstáculos, mas diferentes passagens (Içami Tiba) | 0 | 7.298 | 08/02/2015 - 22:48 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Pétalas sobre o ataúde - a história de Pâmela (microconto) | 0 | 8.835 | 03/30/2015 - 10:56 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Ode para a rendição de uma infância perdida | 0 | 7.535 | 03/30/2015 - 10:45 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Entre luzes e penumbras | 0 | 5.553 | 03/30/2015 - 10:39 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | No desfiladeiro | 1 | 7.239 | 07/25/2014 - 23:09 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Sinais da história | 0 | 4.942 | 07/16/2014 - 23:54 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | E você ainda acha pouco? | 0 | 5.947 | 07/16/2014 - 23:51 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Descanso eterno | 2 | 6.380 | 07/03/2014 - 21:28 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Paisagem (Charles Baudelaire) | 0 | 6.467 | 07/03/2014 - 02:16 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Elevação (Charles Baudelaire) | 0 | 7.408 | 07/03/2014 - 02:05 | Portuguese |
Comments
"Linhas de aventura, traçados
"Linhas de aventura, traçados de trajetórias humanas.
Neste tempo de trânsito, juntam-se gerações,
Cumpre-se a história de nossos horizontes,
Da singularidade de cada pessoa, de nossas vidas."
Re: Vidas Urbanas (Recomeçar)
Gostei muito.
Parabéns.
Um abraço,
REF
Re: Vidas Urbanas (Recomeçar)
O sustento, a rotina, os sonhos... É para pensar.
Abraços
Re: Vidas Urbanas (Recomeçar)
Da terna natureza recortada surge cheiro de mata.
A vastidão de arranha-céus para trás fica.
Agora só resta o desejo do aconchego
e amanhã outra vez... recomeçar.
LINDO, UNS COM TANTO E OUTROS COM NADA OU QUASE NADA; ISSO É UMA ESCRAVIDÃO CONTROLADA, POBRES OPERÁRIOS, NÃO TEM TEMPO NEM PARA SONHAR!
E OUTROS QUE NÃO FAZEM NADA, JÁ DERAM ATÉ VÁRIAS VOLTAS NO MUNDO, AS VEZES OU QUASE SEMPRE COM DINHEIRO MAL HAVIDO...
mARNE