Na Pele
Distante vai o dia,
Longo como a noite,
a essa estrada eu iria,
se eu tivesse mais um dia...
Se eu tivesse mais um dia...
A Saliva chama os órfãos, que vêm a seguir,
O Sangue à muito que secou...
Agonia preguiçosa, um pequeno odor a nada,
Afinal é como todos nós acabamos...
Aquele que vai a meu lado empresta uma lágrima,
mas não chega... como poderia chegar?
O cão não ladra mais, no chão de mais um dia...
Ai, se eu tivesse mais um dia...
Se eu tivesse mais um dia...
E onde está agora a raiva que espumavas sem fim?
Longe, bem longe, à distância de mim...
No fundo de mim um hóspede.
E tive o sabor de mais um dia...
O sabor de mais um dia...
A partir de ontem o perigo já não é avô de todos os prazeres.
Gosto demasiado da minha própria morte,
e não penso que ela deva acontecer no meio dos outros...
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Comments
Na pele
Na pele me perdi um dia, em sonhos que não acalentei. Adormecidos quis todos os meus dias, do que um dia sentir assim...
Lido e sentido pela e na pele.
Parabéns e obrigada pela oportunidade de reflexão.
Ema
Que poema lindo. mesmo
Que poema lindo.
mesmo muito bem escrito.
tens muito talento.
ate mais,
ana fm
Re: Na Pele
Gostei!!
xoxo
Re: Na Pele
As coisas têm valor relativo.
É o que retiro.
Saber morrer é uma arte, mas não permite auto-avaliação...
Saber viver...
Por tudo isto, saber escrever é uma coisa muito pequena.
Mesmo assim, sabes escrever e és grande.
Abraço
Re: Na Pele
O amigo nos faz remeter ao grande escritor e poeta Álvares de Azevedo (1831-1852) em seu poema "Se Eu Morresse Amanhã!"
"Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que dove n'alva
Acorda a natureza mais loucã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!"
Seu texto ganha expressão nesta releitura do clássico e um dos maiores poetas românticos da época e nos permite pela evasão porposta em seu texto ( criativo e sugestivo) visitar no tempo as ansiedades da alma humana presentes na atemporalidade da poesia e do tema aos quais dedicas aqui em sua poética.
Subjuntivos na mesma esperança de evadir no tempo.
"A partir de ontem o perigo já não é avô de todos os prazeres...
Ai, se eu tivesse mais um dia...
Se eu tivesse mais um dia..."
Melhor ainda quando findas em concisa decisão-sintese:
Gosto demasiado da minha própria morte,
e não penso que ela deva acontecer no meio dos outros...
Parabéns, colega
Re: Na Pele
Ai! Se eu tivesse mais um dia!
Mas temos tantos dias q nos passam tão ao lado, às vezes meses,às vezes anos e damos connosco a pensar, perdidos em lamentos de tormentos, no leito da morte, seja da alma, da liberdade, ou ate mesmo do corpo e se... se eu... tivesse mais um dia...
Muito bom Ex, faz meditar e enche-nos de "ses"...
Concordo com o Gi, tem musicalidade!
;-) :plol
Beijinho grande em ti!
Inês
Re: Na Pele
A Saliva chama os órfãos, que vêm a seguir,
O Sangue (h)à muito que secou...
Agonia preguiçosa, um pequeno odor a nada,
Afinal é como todos nós acabamos...
Mas é no meio dos outros que morremos, somos também os outros quer ladrem os cães ou não!!!
Fantástico Ex!!!
:plol
Re: Na Pele
Excelente poema, na pele de mais um dia
"Se eu tivesse mais um dia...
um pequeno odor a nada,
Afinal é como todos nós acabamos...
Gosto demasiado da minha própria morte,
e não penso que ela deva acontecer no meio dos outros..."
Adorei
Abraço
Re: Na Pele
Uma reflexão relativa a vida e expressão da existência. O exercício de escolhas da expressão da unicidade do Eu, mesmo achando-se derradeiro.
Grande abraço, sempre um prazer ler-te.
Re: Na Pele
Olá caro poeta Ricardo
A sorte é não sabermos o que vai
no conteúdo do outro dia nem mesmo
a morte se é sabida, mas existe a
sorte de se ter mais um dia...
Adorei teu poema
Beijinhos no coração