Actor de ti mesmo

Actor de ti mesmo

Vultos
são vultos que vejo
Um pelourinho desfocado que pousa
e o olho não procura
Pêlos carnudos que vejo, de realidade
mais que o real

É

Sentado num banco
dói-me o corpo fatigado
pelos castigos da alma
Resiste

Actor de ti mesmo

Curva-te sobre o nada
São vultos que esvoaçam
São demónios negros
São gritos, são gritos!

Não, são os meus!

Grita, grita por entre eles feitos de negro
de panos rasgados de tinta borrada
Grita, grita até sentires o sino da igreja sussurrar
Filhos da puta, filhos da puta…

Ninguém te ouve
Actor de ti mesmo

Do livro: O Sopro do Cadáver Sentado

Corpos Editora

Submited by

Monday, April 12, 2010 - 20:57

Poesia :

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Jorgelupus

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Comments

alemdestemar's picture

Re: Actor de ti mesmo

Submitted by alemdestemar on Mon, 04/12/2010 - 21:39.

Um poema interessante de profunda tristeza. Sentida ou propositada só o autor o saberá. A comparação do som do sino da igreja está boa.

Abraço

Jorgelupus's picture

Re: Actor de ti mesmo

Submitted by Jorgelupus on Mon, 04/12/2010 - 21:55.

Obrigado.

Propositado nunca, sentido sempre.

Abraço.

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