Jopeman - O caminho (ao WAF)
Para recordar ou para conhecer melhor, estes foram alguns dos melhores momentos convosco...
Beijos de Outono
A manhã ergue-se em arrepios
E numa invernal escuridão
A chuva massaja a terra molhada
Sob folhas caídas e árvores despidas
São beijos de Outono
O vento gelado invade nossos templos
Despe-os com a precisão de mil lâminas
Ansiando por carícias de fogo e grãos de café
São beijos de Outono
Mares de castanhos e cinzas
Corpos pesados de malhas e gangas
Semblantes carregados e enfadados
São beijos de Outono
Neste ninho de amor
Tudo são carícias e afectos
Mudam-se os tons, as vontades, os caminhos e as estrelas
Mas o sonho mantém-se
Oiçam
Prados despidos e corpos enregelados
Entre oceanos de chuva e tectos de ferro
São beijos … de Outono
O teu Mundo
Sei que te acostumaste a uma só vida e te fechas
Ao redor dos teus pensamentos e paixões
Imagino que dói
Quando alguém invade a tua mente e o teu coração
E pede um pouco de ti
Receias que descubram a tua alma
Medos, sonhos, viveres
Ansiando não agradar…
O Universo responde em solidão
Do mesmo modo que te fechas
Não chores
O Amor habita em ti
Dá-te, revela-te, afeiçoa-te
E verás que no teu coração
Receberás os ecos dos teus gritos de Amor
Este é o teu novo Mundo
Paladares da Noite
Sob a paz do firmamento
Ecoam os ruídos estridentes
Dos grilos trauteando intrigas
Sob a chama alaranjada dos candeeiros
Fieis confidentes das almas que se passeiam
As janelas espelham
A dourada palidez do luar
Que na sua virgindade
Reina na negrura dos céus constelados
Iluminando os olhos vidrados
Com milhões de cintilantes salpicos
Na regeneradora perfeição da noite
Repousam os corpos moídos
Porém
Na sua tentadora sombra
Os frenéticos e arrebatados corações
Cochicham promessas de amor
Quem ousa negar-se aos paladares da noite?
Tatuagens
Os rabiscos de um âmago profundo
Distinguem-se em cada gota de ar exalado
Em cada gesto de paixão e suor
Em todos os ecos vividos, irreflectidos
Falso o julgamento dos acenos pensados
Das gélidas palavras memorizadas
Ou do adulterado beijar robotizado
Tatuado à superfície da alma
Frequentes os pavoneados desfiles
Tentando ilustrar a falsa beleza tingida
Em transparentes películas que se moldam ao Ser
Iludindo e mascarando a verdadeira essência
Tantas e diversas cores nos enfeitam
Que nem os espelhos nos reconhecem
Perdendo-se a brancura do espírito
Vadio no desejo de agradar
Audazes os que nas fontes se lavam
Na celeste bravura de se reencontrarem
Descolorindo as falsas marcas tatuadas
Numa vida em que basta a divindade da nudez
Pião
Tirem esta corda que me queima
Que me aperta envolta em mim
E estrangula o respiro que esqueci
Sou prisioneiro do meu destino
Do que e para o que nasci
Para saciar os outros ao invés de mim
E do desenlaço da forca que me asfixia
Disparo desamparadamente ao chão
Onde faísco lágrimas de dor
O giro da Terra estonteia-me o Ser
E o fado que sou vomito do meu peito
Até desfalecer em agonia
Suplico-vos
Deixem-me repousar
O solo é o meu colchão
Marioneta
Ascendi ao palco existencial
Onde julguei ser actor e enredo,
Mas da minha maior certeza
Nasceu o maior dos meus desesperos…
Tudo o que faço me é feito,
Oculto por detrás de uma razão
Cinzelada por um Anima(dor)
Que se transcendeu em apenas um guião.
Sou boneco em Suas mãos,
Manipulado como uma carroça adornada
Rendida ao nada que é
Para satisfação de quem assiste.
De tudo o que era nada fui,
Era Ele em mim, por mim,
Com as Suas mãos fazendo as minhas,
Com a Sua vontade ditando a minha.
E em cada peça que hoje actuo
Sou a miniatura do que sonhei ser,
Sou boneco, farrapo e actor,
E represento um sorriso!
O fado do palhaço
Pintei o rosto do que não sou,
E apenas dos olhos se vê a alma
Dispare do sorriso que infecto,
O mesmo que desbota lá fora.
Fantasio uma vida farta de folias,
Abismando o espírito da plateia
Que deseja se desprender do seu corpo
Para encarnar neste que é tão falso.
Cada ecoar das suas palmas
Corrobora o dom da representação,
Mas devasta este palhaço com a ideia
Que esta máscara não o deveria ser.
A apreensão desta quimera
Assina a sombra do que sou,
Pois quando cessa o devaneio
O negro ainda é mais escuro.
Agora defronte do espelho
Enfrento o reflexo que me aguarda,
E no porte da primeira lágrima
Lavo o rosto e canto o fado!
Ode aos mortos
O céu ataviava-se de negras trevas
E do solo emanava uma leve brisa
Que lavrava o odor pútrido da morte.
No traje de dor e despedida que envergava,
Engomado pelas lágrimas evaporadas
Do peito carcomido em vazio,
Espreitei o seu rosto inanimado,
Oco de vida, despojado de sentido…
Tão dispare da memória em mim.
Cessou à vista a sua personificação
Quando desceu ao pó que o viu nascer,
O termo da alma incorporada.
E ao ver o cruel cobertor de terra
A obstar a nascente de tanto sorriso meu,
Arremessei-lhe um derradeiro louvar…
“Hoje não és só tu que partes,
É um pedaço de nós em ti,
És tu… e parte de mim!”.
Fiz amor com a tua aura
Abordei a tua aragem desavergonhada
Onde me rocei submisso e eriçado,
Salivando ao gosto do brando aroma
Evaporado da tua polpa entufada.
E a uma fímbria da plenitude,
Enlouqueci com o melodioso paladar
Com que teus lábios palpam a brisa,
Num enamorado diálogo de bafos.
Senti um ardor a convergir no sexo,
E desprovido de rubor
Fiz amor com a tua aura nua
Sob o apimentado cobertor da noite.
Desconheço se teu corpo me sentiu,
Mas aqui neste éden de devaneio
Vejo nossas almas abraçadas,
Extenuadas a puxar de um cigarro!
Ressurreição
Jazo deitado no solo frio e húmido,
Onde a dor canibal devora a carne pecadora
E onde ressinto os actos delinquentes
A rasparem a vida até aos ossos…
Onde a sombra me espelha em tormento.
Ao submergir ao juízo final
Oro em perdão sob as lascas do caixão,
Em que bestas são a minha consumação
Dissolução em cinzas e pó…
O epílogo da existência de desfruto.
Insubordinadamente ao mando da morte
Não vislumbrei réstia de corrupção
E me elevo ascendendo ao firmamento
Alumiado pelo etéreo espírito, salvação…
Ávida esperança da minha redenção.
E ao ver o choro de meus irmãos
Enverguei de novo a efémera carnação
E exasperei bem alto “Vede minhas mãos!
Esta não é minha morte…
É a minha glorificação!”.
O pianista
Vi-o abordar a sua eterna assombração
De rosto fechado e sombrio
E o desejo agonizante de fugir.
As mãos trémulas e suadas de pavor
Poisavam nas goelas do piano,
Horrorizadas com o seu primeiro esganar.
A cada brado que o bafo enlaçava
Lia-se a pauta desse pobre pianista,
Escrita na sombra dos bastidores.
O pudor percebido na sua melodia,
Nos acordes que ele mesmo tocava,
Transpirava por toda a plateia.
E o temor que ali se materializou,
Toda a vida o acompanhou
Na sinfonia que ele próprio criara!
Fotógrafa
Voltei a tombar nesta emboscada,
Ao despertar para mais uma lucubração
Onde me pergunto quem sou,
Onde imagino quem fui.
Lembro a memória que me trouxe
Prendida às fotos que inventei,
De cores e paisagens que plagiei,
Dum Mundo que fingi ser meu.
Meu lugar sempre foi deste lado,
Aquém da vida que posa,
Sempre contemplando,
Nunca sendo vista.
Então hoje pergunto aos anjos
Se amanhã se dará o acaso
Em que transcenderei para o retrato
Dando forma à existência que morreu!
Apupos
Ó corpo que me abrigas, fétido, ferido
Das saraivadas a que o teatro te obriga,
Sustem-te ao pouco em que as cortinas
Te escudam aos apupos que não sei calar.
Bem os oiço ribombar ao débil alento,
Que se troce a cada triste actuação,
Num palco que piso por obrigação,
Por respiração, sem ponta de argumento.
Sinto-os como surdinas a ecoar no peito,
Neste custoso drama de artista desfeito,
Onde a plateia nem um centésimo pagou
Para assistir à apoteose do fracasso que sou.
No cais dos mortos
Finjo-te um Adeus se a aura não te vê partir,
Se as pupilas se fecharam nas insónias que
Ainda sentem o teu abraço. E no limbo do
Eco onde te sustenho, não há ida que eu
Não torne sem os contornos do nosso tempo.
Aceno-vos de volta, sem nada que me percorra
Os tendões para além da saudade e da mágoa
De vos deixar, e finjo que morto já nada sinto.
Deixei que a maré de cravos e lágrimas te levasse,
Pois sei-te buscar de novo aguardando num sonho
Meu ou no reflexo de um retrato nosso. Adeus!
Domador de Luas
Sinto a derme erecta da penumbra insinuar-se
Poro a poro
No rude desinteresse dos ponteiros e dos zunidos
Que ainda me delongam ao ocaso onde
Meio céu se veste de luto
Abrigo o teu rosto do fumo do lúmen…
Até que as pálpebras o cobrem por completo
E o teu vulto é desenhado no éter da lua
Domo-te o corpo, a saliva
E o tempo que me prestas.
Ocasionalmente,
O crepúsculo teima à noite
Com o latir de um telefone
Ou de um esconso por coçar,
O teu palato assanha-se com a luz do candelabro…
Mas na refrega de tanto beijo logo perde o fôlego
E os lábios prosseguem na rota do meu sonho
Acorrento-te às órbitas
Do espaço que me cerca,
Penetro nas frestas do teu colo lustroso e inflamado
E exibo-te uma última vez, mais sincero, mais selvagem…
Até que rasgue o frágil alcance das pupilas
Já à mercê do tempo e do cansaço
Descubro nuvens esfarrapadas a decorar as janelas,
E aí meio céu chora de ti
Em retratos que me são indiferentes, e bocejo
O corpo e a vida que te tarda…
Gota a gota
A dor lida à Alma não esquece
Vejo o teu nome, nas águas que se amornam
À sombra de uma pálpebra vergada,
No vulto húmido da saudade que volve ao vazio
Das pupilas que não te encontram.
Não o sustenho….
O árido pouso do rosto sorve-o à foz que
O anuncia e drena-o à mágoa que entope
E não fala, se já farta de chamá-lo
À memória que ainda o escreve.
Não o enxugo…
Sei que a dor lida à Alma não esquece,
Ou tão pouco acresce se demais sentida,
E se desejada não é ferida, é a distinta
Da paixão e do nome que a apelida.
O corpo pernoita no ecrã fátuo da tua saudade
A noite ainda se alonga sobre o cansaço das íris,
E no ar espalham-se incertas as cinzas lúbricas de
Uma beata e os tremeliques do teu rosto insone.
Nas lombadas dos olhos, fundas e negras, morrem
As luzes, a chuva e os anúncios sem interesse que o
Pestanejar dos meus vidros foscos deixou ao abandono.
Saro-me, ébrio dos teus lábios, do teu cheiro, no cobre
De um puro malte que se embrenha, pausadamente, na
Imprudência das goelas. Degusto o seu brasido pisar-me
Os órgãos, mas o ardor esmaece e recaio no teu travo boémio.
No interior desalinho das vozes intitulas-te meretriz dos gritos,
Da brisa e dos ecos que ensurdecem e intoxicam o ermo do meu
Vale, e do sofá de couro onde me acomodo com o mofo e o silêncio.
Espreito a luz que ainda não jorra dos poros das persianas com chiares
De gargantas sonolentas e de pneus estafados, e aí o corpo esvaece e
Desiste e, amargurado, pernoita no ecrã fátuo da tua saudade.
Continuo sentado à varanda
Choro porque acabei de saber de como se
Morria sentado à varanda, enquanto um
Silêncio corre pelos rubros telhados fora e
Me devolve um abraço do tamanho do medo.
E se alguém no entanto me ligar é porque pensa
Que ainda existo junto ao telefone, onde um dia,
Sendo eu, aprendi que não sabia dizer quem era
Ou onde tinha me esquecido de guardar o nome.
Quem me dera saber de cor cada canto da casa e
Percorrê-la ao contrário, adormecer com vontade
Junto à porta e acordar com as duas distintas buzinas
E com o corpo fresco pendurado num saco à neblina.
Mas continuo sentado à varanda mesmo sabendo
Que apenas existo na minha saudade, que de tempos
A tempos reconheço no vago aroma de uma cevada
E numa foto que guardo no bolso das calças e de onde
Lamento ter saído.
Haverá sempre outro cigarro
Nunca soubeste qual a parte do corpo em
Que se guarda o tempo, e se ninguém te
Disser o contrário, dirás que é a sofreguidão
Dos pulmões que o consome sempre que eles
Te suspendem no silêncio.
Sabes que só no ardor que corre pelo cigarro não
Te arrependes de ter envelhecido, de ter reaberto
As ruas que quase esqueceste para procurar alguém
Como tu nas janelas que ficaram por fechar.
Mas o teu fôlego será sempre apenas para saudar as
Sombras que se alongam do fundo do teu peito,
Porque esse lugar não mais será teu, é dos nomes,
Dos gestos e dos beijos que por lá se demoraram.
Contudo, haverá sempre outro cigarro que te
Acompanhará onde mais ninguém te espera.
E se o amanhã já fosse vivo dir-te-ia que é
Mesmo assim que se revolve o passado, só,
Num trago de fumo e cinzas, noutro dia errado.
Há aquelas coisas de que nunca penso se houver uma porta aberta
Há aquelas coisas de que nunca penso se houver
Uma porta aberta, mesmo que não haja ninguém
Por perto ou que saiba de como se escuta a infelicidade.
Preciso de um silêncio do tamanho das vezes que quiser,
Ou um pouco mais ainda se tiver a chover também lá fora,
E uma cadeira onde me possa sentar a escutar o Inverno
E o prazer de não haver mais nada.
Por vezes imagino que acordo junto à janela e vejo um
Outro dia sentado nos degraus à entrada, com a Primavera
Ao colo e uma carta de despejo para tudo o que não quero.
Outras, apenas uma forma rápida de morrer sem que ninguém
Dê por isso ou só o tempo necessário para nascer outra vez.
Fico assim até que o relógio ganhe relevo no corpo, na cómoda
E nas partes mais cansadas da alma, ou até que alguém me bata
À porta sem fazer algum barulho e se sente ao meu lado como
Quem se senta em mim.
Hoje a chuva quase que não magoa
As horas passam e apenas muda
A luz que entra pelas janelas…
Tem dias que não conseguiria
Viver num mundo que não existe!
Será que esqueci de como se acordava?
Hoje a chuva quase que não magoa,
Bate calmamente no pouco que me
Resta e nas coisas que não aguento.
Escolho outro dia, um que não me
Desconheça, para pagar os pecados
Que não me cabem na memória.
Nem as paredes do rosto aparentam
Ser o que são. Será que se pedisse à
Vida que me as deixasse assim ela
Me tiraria a alma?
Sinto até que a possa ter visto, dobrada
Sobre os joelhos, de cotovelos nas coxas,
Mãos no queixo e de olhos postos na
Utopia de uma folha de Outono que caía.
Poderia muito bem ser assim o meu último
E eterno repouso, numa última fantasia que
Selava com um sorriso até à morte.
Mas o que seria da realidade sem mim?
Será que haveria outro poeta que conseguisse
Atribuir formas às nuvens?
Poderia haver dias que sim, mas não hoje,
Que a chuva quase que não magoa.
Portas
Há portas que só tu vês, que só tu sabes que dão
Para outro mundo onde pertencem as coisas boas
E todas as promessas que ficaram por dizer.
Sabes que um dia elas estarão prontas só para ti,
Para te sossegar quando o silêncio for maior que os dias
E que todas as montanhas que couberam contigo na terra.
E tudo o que as palavras nunca te souberam explicar,
Estará lá subentendido na facilidade com que adormeces,
Com que calas o inverno e amas tudo o que um dia largaste.
Mas ainda há voltas para dar antes da luz que cala os galos,
Voltas para onde se inclinam as árvores e a neve das gentes
Que é mesma de todos e a mesma de sempre…a mesma de sempre.
Sim, tudo se vai repetir de um jeito que não te apercebes ou ouviste falar,
E tudo vai ter de novo um novo sentido que tens de arrancar das costas
E atar às pernas mesmo enquanto te lavas ou fazes amor com alguém.
De isto não sabias pois não? Tem calma, vê lá que ainda te vais admirar,
É que as estrelas também se repetem todas as noites e ainda assim
Não deixam de ser estrelas, e o céu nunca caiu por causa disso.
É por isso que sorris quando lembras de como é abraçar alguém que amas,
Que relês os poemas de que mais gostas ou os que mais te fizeram pensar,
E que nunca fechas as portas do lado que mais sabes e onde já foste feliz.
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Re: Jopeman - O caminho (ao WAF)
"E numa invernal escuridão
A chuva massaja a terra molhada"
"Audazes os que nas fontes se lavam
Na celeste bravura de se reencontrarem
Descolorindo as falsas marcas tatuadas
Numa vida em que basta a divindade da nudez"
"O giro da Terra estonteia-me o Ser
E o fado que sou vomito do meu peito"
"Era Ele em mim, por mim,
Com as Suas mãos fazendo as minhas"
"Pois quando cessa o devaneio
O negro ainda é mais escuro."
"Com que teus lábios palpam a brisa,
Num enamorado diálogo de bafos"
"As mãos trémulas e suadas de pavor
Poisavam nas goelas do piano"
"O crepúsculo teima à noite
Com o latir de um telefone"
"À sombra de uma pálpebra vergada,
No vulto húmido da saudade que volve ao vazio
Das pupilas que não te encontram."
"Nas lombadas dos olhos, fundas e negras, morrem
As luzes, a chuva e os anúncios sem interesse que o
Pestanejar dos meus vidros foscos deixou ao abandono."
"E numa foto que guardo no bolso das calças e de onde
Lamento ter saído."
"Nunca soubeste qual a parte do corpo em
Que se guarda o tempo"
"Preciso de um silêncio do tamanho das vezes que quiser,
Ou um pouco mais ainda se tiver a chover também lá fora"
"Sinto até que a possa ter visto, dobrada
Sobre os joelhos, de cotovelos nas coxas,
Mãos no queixo e de olhos postos na
Utopia de uma folha de Outono que caía."
"Sim, tudo se vai repetir de um jeito que não te apercebes ou ouviste falar,
E tudo vai ter de novo um novo sentido que tens de arrancar das costas
E atar às pernas mesmo enquanto te lavas ou fazes amor com alguém."
Meu querido João, um belo caminho!
Q privilegio poder acompanha-lo!
Beijinho tão grande em ti!
Inês
"
Re: Jopeman - O caminho (ao WAF)
Original Jopeman.
Gostei muito: claro!
Um abraço :-)