MÁS HORAS EM PÃO DE BARRO ABSINTO
Grito vezes acontecidas,
perdidas em múmias sem forma.
A sombra chega à tonelada dos seus frios,
arrepios sem rosto tomam o gosto ao caos.
Gerúndios agitam os verbos da alma,
calma percussão de obsceno insaciável.
Sejam sonhos
desmesuradamente mero capricho,
seja beijo de bicho que nos assola pesadelo.
Rival dos ponteiros do relógio,
o sinónimo das lengalengas é um de repente
ilusão arrancando aos olhos o sigilo.
Falsas farsas impacientes
em papelinhos amachucados,
quebrados silêncios tecem mantos de teimosia.
Falésias alegram
retrógradas tertúlias,
fúrias de mão desarmada
cerram a vista dolosamente.
Mordaz seiva
escoa da voz fissuras de dor,
amor de violino vinagre em datas idas.
Âmagos beligerantes
embirram o tempo vertido
em palavras de estrada qual fada nua
seja o lapso da noite.
Matraquilhos
de pensar opíparo
são emoções de tasca vazia,
utopia pingue-pongue de vozes enigmas.
Faces com saco de boxe maquilhado,
bigornas de silêncio amolgado na boca.
Tonas onde se ouve
a distância da vida envelhecida,
pervertida rara têmpora em tempestades
de orelhas moucas.
Más horas em pão de barro absinto,
labirinto de esquinas viradas ao avesso.
Destino de leituras sim cósmicas,
cómicas coordenadas em rito não.
Arrufo de consciência drenada do acaso,
azo a moinhos de água endurecida por olhares
de velocidade clandestina.
Corpos empunham lápis
de carvão analfabeto ao peito,
ceifeiras na alma a eito anemofobiam ais
num cais promíscuo.
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Comments
Busca de interiores com
Busca de interiores com inferiores abstractos,
de quem pensa não compensa e critica com laivos exactos...
Um abraço Henrique.
Uma imagem forte das horas
Uma imagem forte das horas mortas
das horas tortas imensamente bem sentida pelo poeta ...
Sem mais ...
beijos
Susan
Más horas... mas...
OLá Henrique!
Já tinha saudades de ler-te.
Grande poema.
Gostei particularmemte :
"Corpos empunham lápis
de carvão analfabeto ao peito..."
Um abraço
rainbowsky