Não há palavras

Como é pequeno este mundo que a minha visão alcança
e em que não cabe a minha alma.

Lá no fundo,
nas entranhas de mim,
sinto as coisas que ascendem de encontro aos conceitos,
às palavras,
às ideias guardadas no restolho dos pensamentos.

Há, em tudo isto, um irónico perverso.

Se é com palavras que penso;
se é com palavras que sinto;
se só através delas consigo, que os outros sintam comigo,
porque basta uma palavra,
para que se desvaneça essa sensibilidade primordial que quero cantar
e onde as coisas são sem o serem ainda,
nesse lugar onde sinto a única presença de mim
e me afirmo
como parte viva deste pulsar universal de existência plasmada?

Palavras…

Pesos mortos, matéria inorgânica,

Pequenos nadas de que desgraçadamente dependo, para me traduzir ao mundo.

Que fazer…?

Sou apenas homem comum,
que incapaz de outra coisa,
tenta e tenta,
cantar a evidência de si,
que deverá ser a evidência dos outros também.

Mas a alma,
essa grande indefinição,
não cabe no mundo que conheço,
nem cabe em todas as palavras do dicionário

É,
Simplesmente É.

Que fazer…?

Submited by

Sunday, February 13, 2011 - 21:13

Poesia :

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miguelmancellos

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Comments

MarneDulinski's picture

Não há palavras!

Miguelmancellos!

 

Lindo texto, gostei!

Grandes incógnitas de nossa existência, por isso meditamos, meditamos...

Meus parabéns,

MarneDulinski

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