ODEIO DORMIR SEM TI…

Odeio dormir sem ti…

O sono acorda nas minhas mãos
que te sentem onde não estás.

O vazio que deixas
é um deserto que não consigo transpor.

O escuro fica mais escuro
sem ouvir a tua respiração a meu lado.

A noite fica um farol sem barcos para guiar,
os sonhos curvam-se sobre mim como ondas
procuram o seu mar onde rebentar.

As horas tornam-se campos de batalha
entre os ponteiros do relógio perdido dos seus sentidos.

A madrugada foge pelo desejo de te ter aqui.

Odeio dormir sem ti…

O meu corpo é aquecido por insónias frias,
sinto as paredes do quarto como se fossem vozes irritantes.

As minhas mãos andam pela cama
como um naufrago se agarra a um afogado,
como se um fogo procurasse o ar para arder.

O silêncio é o meu lençol,
a saudade a minha almofada.

Odeio dormir sem ti…

Cada milímetro da cama que não ocupas
é um espaço demasiado infinito para esta solidão.

Esta solidão de distâncias incorruptíveis
que a própria poesia não consegue percorrer.

Os pensamentos que me ocorrem
são jardins abandonados ao tempo,
matagais onde se misturam flores em pranto
com espinhos às gargalhadas.

Odeio dormir sem ti…