POR MINHA CULPA TÃO GRANDE CULPA

Viver-me é um medonho quanto,
um desmaio do chão ao céu espanto.

Ausência é o que não fiz.

Sentir-me é um quesito mesquinho de tempo,
mea culpa de Satanás amnistiado.

Ruído é o que não disse.

O caminho do ser medra aos pés noivados
de pão e vinho à boca das covas.
Rés vezes de pedra soletrada
em luar de proa sem barco,
parco estar este não sei onde ser.

Saudade é a distância que não pisei.

Padece a fantasia no covil dos cornos
que se abaixam açoite na cicatriz
de folhas em branco.

Solidão é os risos que não dei.

Adormece a noite cantada de acontecer,
o dia folga na maré da alma onde o corpo
fica esquecido além por ir.

Atlântidas por descobrir são Midas no meu dormir.

Sono é o que não amei.

Idas sem volta, diabos à solta
na frieza dos lábios, desertos sábios
ensinam a palavra infinito.

Acendo ascender à morte.

Ventos pavios, violinos navios a navegar o norte.

Sabedoria é o que não sei.

Sobram sombras no berço da voz
quando o silêncio é um rio parado
na viuvez das margens.

Amores são viagens pela imortalidade.

Tropelia é o que não decidi.

O sol é um sapato que trago calçado para sonhar.

Acordar é uma pedrinha que me descalça dos sonhos.

Eu é quem não conheço.

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Monday, May 30, 2011 - 11:56

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