Princesa do Tua

Princesa do Tua

Olho através de olhos
Esfumados…
Estes dias de sol que faz doer
quando mostra a sua juventude.
É preciso usar uns óculos
Assim.
Filtram a paisagem:
também a mim.

O repuxo, alto, de formas
irregulares
conforme a brisa
que sopra
ora de vaidades
ora de saudades.
Erguendo-se
E caindo do lugar eterno
Tua, é o rio.

Olhais de uma ponte
de velha apelidada.
Sugiram outras,
mais novas,
tal como num desfile.

(O tempo, ávido,
também se cansa,
gosta de mudança.)

Tantas árvores
que avisto…
Não as identifico
não me sinto mal.
Sinto o essencial

As formas, as cores, as variedades
Depois…
Depois as folhas
em vaidades,
justificadas,
adornam as margens,
Tua, é o rio.

Os lugares, onde moram as pessoas,
parecem adormecidos
Alguns, bem enquadrados,
Outros, partem os vidros
de uns olhos esverdeados.
(O poder imperou)
neste outro registo
da minha cidade.)
Não sei bem o que sinto!
Mas há algo de saudade
de um lugar trasmutado,
em favor da modernidade.

OF 26-07-2010 Foto: Odete Ferreira
(Retomo a publicação de poemas escritos em esplanadas e não incluídas no livro "Em Suspenso")

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Lunes, Octubre 3, 2011 - 11:49

Poesia :

Su voto: Nada (2 votos)

Odete Ferreira

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Comentarios

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O teu diálogo com a natureza,

O teu diálogo com a natureza, fluindo no correr do rio que na sua impermanência, nos revela outras modificações ambientais, deixando um lugar de saudade na tua alma que canta a natureza em sua essência.

E assim, o teu belo poema imprimiu uma saudade ( coletiva) que passou a nos pertencer com a leitura...

Adorei ler-te!!

Bjsmiley

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Apreendeste bem

Apreendeste bem este sentir, passando de referênciais ocasionais , quase prosaicas, para algo mais perturbador, em relação ao que o dito poder pode mudar, alterando cursos de vidas...Tal como este meu rio (e não só) se aquietou seguindo outro "curso"...

Obg pela tua leitura e análise, sempre enriquecedora.

Bjo, SuseteBrainer

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