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Olhares
Bebia o teu olhar azul
no olhar verde das giestas tardegas
quando em manhãs preguiçosas
me sorrias cobrindo-me de véu.
Sentia-me abençoada
perfumada de rosas que não trazias
mas sabia do teu cuidado com elas.
Não vias, mas sentias.
E eu sabia!
Dei por mim a espiar-te.
Passos inseguros,
trôpegos nos escolhos da calçada.
Caíam outros olhares,
carinhosos ou desdenhosos.
Viam-te mas não sentiam.
E eu sabia! E doía!
Havia o jardim onde o rio se vestia
de cores e se encharcava de odores.
Foi aí que te encontrei.
E sem saber te amei
nesse olhar azul intenso.
Sabia que não me pertencia.
Mas vias-me! E sorria!
Contemplativa
falei meigamente
do jardim, do rio, de mim.
O meu verde era agora o teu azul.
Cegava-me apenas o sol.
Mas não a diferença.
OF – 14-01-15
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