Inda que longe pareça.

Inda que pareça por Deuses viciada
Esta tragédia humana que mais valia ser d’Eneias
Opto por alcunhar “d’ópio de gente”
À poção fria dum Chagal injetado nestas veias

Embora em meus olhos brinquem
Gotas parecidas uma à outra às vezes,
Iguais às deles não serão, mal seria…
Eu, simples mortal, chorar como Deuses

Inda qu’abertas na carne p’lo tempo afora
Inda as Ágoras e nem Troia existiam
Estas falsas feridas sem ferida
Doem o mesmo no tempo d’agora

Revolvo a crusta enquanto penso
Tal como pensou aliás, Elias…
Parece gritar-me do túmulo e soa a ele,
Se não for, só podem ser nas praias, as sereias.

Tenho saudade dos ancestrais avós,
Que quebravam custódias e cadeias,
Inda que Héracles me pareça atroz
Alterou em ácido o sangue destas veias,

Inda que de longe pareça,
Aberto ao meu peito o saque do castelo,
Em que Deuses eram gente,
E gentes eram Deuses,

A minha esperança grande,
É que o templo, seja a meias,
Meio cheio desses célebres cultos,
Meio vago pra ter Afroditas,

Heras a se banharam,
Do que, do meu curto peito extravasa,
Por não saber mais conter, tal como sobraram
Deles, tantas mágoas, parecidas às minhas.

E tantas outras, dest’outra gente.

Joel Matos (01/2014)

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Sábado, Febrero 1, 2014 - 09:13

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