Avesso d'alma

No Vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Onde meu pensamento vai morar,
No bico afiado do ouriço-do-mar,
Em torvelinho, no areal furibundo,

Meu coração insiste, não pára,
Pregado no corpo, apesar de negado,
Por não o achar mais no prado fundo,
Nas ravinas do abismo, minha beira,

De vácuo profundo e tristeza , pousa,
Breve , em imponderável resma de papel,
Almaço , rasurado à pressa , na mesa,
Voa , da janela , no espaço , sob a pele.

Turvo , vento torpe, galopas meu salmo,
Sem rei nem roque; Leva-me para longe,
Onde o areal , ondeante e o mar , seja calmo,
Aqui, no canto estou e tudo me foge.

Dispersa, Ó vento , este corpo , em cinza,
Imolado de cal e ira , em Saturno,
Venta , num peito , sem veto e sem premissa,
Como tu, vendo o nada e estou nu.

No vendaval do fim do mundo, fim de tudo,
Ond’eu fui d’avesso morar, meu lar,
No côncavo mar, me deixa , pois , lembrar,
Se , aqui é o meu lugar, longe e mudo.

Jorge Santos

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Lunes, Diciembre 21, 2009 - 13:48

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