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16
A metáfora é o mecanismo
mais lixo de todas as letras.
É fácil falar difícil –
complicado é ser simples.
Você simplesmente dá mais
um passo para dentro das sombras –
e eis que a mensagem
não dá conta do recado!
E eu não tô nem aí
pra dar explicação.
Aliás, eu não tô nem aqui –
aqui só está você, pobre leitor.
Só você e deus, como se diz.
Mas estes meus restos vitais
não são só para você que os dou?
Então toma, seu trolha!
Lixo – RECICLA-SE!
Desliga a tevê
e manda a rede bobo se plimplim.
Agora é com você!
Você foi internado anos a mil
em salas de tortura
para aprender o som dos rabiscos,
para ouvir os decibéis dos folhetos,
placas de trânsito, cartazes,
pixações, letreiros, nomes
e números de candidatos
aos mais diversos cargos políticos,
cartas de cobrança e
memorandos de felicitações
que algumas lojas e personalidades públicas
te enviam em datas previstas nas folhinhas
e todos os outros etcéteras
desse nosso hoje-em-dia.
O resultado –
no teu sangue venenoso
circulam palavras de baixo escalão
e frases de efeitos colaterais.
Teu céu tem a cor do estupro,
a inocência desbeiçada
de um sexo violentado
por sua confusa ciência difusa.
Teus sonhos foram
rebaixados a ficção, fixação,
patologia do patético,
translúcida alucinação.
Estrada afora,
noite adentro,
perde a hora
pra ganhar tempo.
Teu dia adia:
toda noite essa angústia
de ter perdido mais um dia
te faz perder o sono –
e todo dia esse sono
te faz perder outro dia.
A escola te ensinou
a melhor lição que podia
ter ensinado:
te ensinou a odiá-la.
No final do processo,
eis você sem hey nem rock.
Sem lei, sem rei, sem fé –
quase livre de tão índio,
quase ainda não tocado
pela sifilização judaico-cristã.
E esse sol escaldante da razão
cozinhando nossos miolos
nessa terra de calor desumano!
Despatriado e conterrâneo do exílio,
anacrônico e contemporâneo da eternidade,
ensimesmado e extraditado de si mesmo,
você busca um tempo antes do Tempo,
do lado de fora do Visível,
uma nova terra natal.
Vai ter que nascer de novo, meu chapa –
mata essa vontade de se matar!
Teu louco tem medo de escuro –
prefere a própria sombra.
Você dá ouvidos a tanto absurdo,
encena tanta obscenidade
e ainda faz caras e bundas nessa idade?
Cabe dizer que isso não tem cabimento.
Tua filosofia de vida
se abeira agora da morte da filosofia.
Diante da perspectiva
de uma biografia de cerca
de setenta anos (se tudo correr bem),
dos quais mais de um terço já é passado,
mesmo a mais modesta aventura
do conhecimento seria uma loucura,
não pudesse ser justificada
pelo simples prazer que proporciona.
Só o priapismo te poderia curar
da tua atividade intelectual.
Ah, o prazer de estudar –
o prazer de saber que estamos
todos na mesma ignorância!
A melhor maneira de perder
o excessivo respeito pelas
opiniões dos sábios mais respeitáveis…
Se toda opinião pode ser refutada,
não seria conveniente
refutar todas as opiniões?
Demorou, aí!
Mas quem nega a importância da sabedoria sabe o quê?
Quem é que sabe?
Quem está por fora, não se meta!
Quem não tá dentro, sai fora!
Negar não é refutar.
Você tem grandes ideias,
mas ainda precisa comer
muito arroz com feijão pra chegar lá.
Teu estilo desleixado de vida
te manteve afastado
de qualquer dom artístico,
mas, sem esse estilo,
onde você acharia tanta inspiração?
Mas…
Só inspiração não basta:
é preciso dar uma prensa
antes de expirar.
A idéia sem a obra
é meio caminho andado;
a obra sem idéia
é um passo em falso
bem maior que as pernas.
Obra prima é aquela
apenas sonhada,
que realizar é sempre no imperfeito.
E nem todas as pessoas
podem fazer tudo –
os verbos defecativos não deixam.
Não ter método nenhum
é o método mais rigoroso
que se pode imaginar.
Você faz das tripas coração,
mas dá com a língua nos dentes,
mete os pés pelas mãos
e sai com o rabo entre as pernas.
É incrível o esforço
que alguns fazem para entrar
para a história, quando o mais
desejável seria sair dela.
Você sonha com a noite
em que as palavras serão
tão inúteis quanto a poesia;
quando bastarem os olhares,
sorrisos e mordidas. No máximo
algumas interjeições…
Aproveita que a noite é uma crioula,
e que o que você
quer fazer contra mim
eu posso fazer por você.
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