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29
Acorda, cadafalso!
Ora de pegar no trampo!
Isso tudo foi que nem ontem;
que nem hoje uma peripécia
perigava ponhar revolta
no rabo duma reviravolta.
À luta, filhos da pátria!
Ao luto, filhos da pútrida!
Pra quem pensa que existe
vida após a vida,
esta de aquém-túmulo
é só amostra grátis…
A vida é mesmo uma aposta,
mas encare por outro ângulo:
JÁ QUE A LIDA É UMA LERDA,
TUDO O QUE VIER É LUCRO!
O homem que desejasse
inceramente limpar o mundo
deveria começar por um suicídio.
A bem da ficção,
a verdade é tudo mentira –
nesse bangue-bangue
todo sangue é só tangue de morangue.
Pena que toda hipérbole
não passe de exagero.
Nascido para morrer –
a e-que-eme de cada dial
nos die hoje – a mor das mortes –
o eterno retorno do recomeço!
Bastam duas palavrinhas
para dar o xeque-mate!
Le roi est mort, vive le mot!
Durar é dureza,
mas são fósseis do sacrifício!
Mas quando chegar
aquele momento derradeiro,
aquele em que,
segundo fontes fidedignas,
o filme da nossa vida
começa a passar em fast rewind,
se eu não perder o controle,
teclarei stop e eject.
Dessa vida, eu teimo em não tirar lição nenhuma.
O maior segredo da vida é a boa vida.
Ah rarrá rarrá rarrá!
Sair um pouco do sério,
ser objeto de escárnio
e deixar brotar o verbo:
todo mundo está sujeito
a perder seus predicados…
Já que a tal felicidade
é apenas ilusão,
já não temos mais razão
pra qualquer preocupação!
Ah rarrá rarrá rarrá!
Onde os parâmetros para medir a felicidade?
As técnicas que isolem seu princípio ativo?
Os instrumentos que a detectem e a mensurem?
Parece fácil avaliar o tamanho de uma desgraça –
prova disso é a comoção das multidões
diante das grandes catástrofes.
Mas a felicidade
de quem se declara feliz
não parece contagiosa,
nem sequer compreensível.
Aliás, quem se diz feliz
geralmente não possui
nada daquilo que todos esperam
obter para se o tornarem…
O que que você ainda tá esperando?
Pra viver foi que se inventou o Agora!
Já – intransponível instante!
A cada dia os relógios batem
vinte e quatro horas mais cedo –
agora é sempre, nunca é depois!
É cedo demais pra dormir
e tarde demais pra acordar;
é cedo demais pra sorrir
e tarde demais pra chorar;
é cedo demais pra partir
e tarde demais pra ficar;
é cedo demais pra sair
e tarde demais pra chegar;
é cedo demais pra agir
e tarde demais pra pensar;
é cedo demais pra mentir
e tarde demais pra confessar;
é cedo demais pra parir
e tarde demais pra abortar.
Viver é se preparar
pra morrer sem estar pronto –
viver é tomar um táxi,
morrer é parar no ponto –
viver com falta de ar
ou morrer sem ficar tonto?
Morrer é não ter que pagar –
viver pra pedir desconto!
Os vivos são pó esticado.
Encare a Perda filosofal,
a originária Queda,
a Hora-de-nossa-morte-amém –
não é morrendo que nascemos
para a verdadeira vida?
Viver é mais que respirar –
viver é perder o fôlego.
Viva a Vida!
Demorou, aí – só se for agora!
E agora é pra já: ou ray ou vac!
Pra que se preocupar com o amanhã
se depois de amanhã ele já vira ontem?
Quem morre de medo do raio
não pode nem escutar trovão.
Tanto fez, tanto faz –
declarações de guerra ou tratados de paz.
Se a água correr pra cima, tanto melhor!
Não querer morrer
quer dizer valer viver,
ou só quem não tem medo da morte
pode viver de verdade?
Morte – que conjunção
pode introduzir tal disjunção
nesse período decomposto
por insubordinação?
Ora, não é a perspectiva
de um final glorioso
o estímulo de todo e qualquer jogo?
Todo mundo morre, porra,
pra que tanto drama?
Só por que dói?
Que mais doa a quem menos se doa!
A vida só é dura enquanto dura… depois passa.
A ideia da vida após a morte
atenua o medo
da morte antes da vida.
Toda paisagem é construída pelo olhar.
As cores e os contornos
não são propriedades dos objetos,
mas dos órgãos da visão.
E para ver nos nossos sonhos
é que sonhamos outros olhos…
A transformulação do plúmbeo em áureo
não é para qualquer dourado,
alquimia não é bijuteria,
nosso Outro não é o outro vulgar!
O problema do Outro
é outro problemão.
Você é engraçado!
Quando vier a não ter
o que fazer sozinho,
faz favor de vir ter comigo.
Sem vir-a-ser, o que que vai ser de nós?
Górdio em guarda –
vai dar uma de machão?
Experimenta, se for homem!
Mostra que é pau mandado pra toda manobra –
mata o que não te engorda!
Mata a pau, demonstra e cobra.
Cresça e endureça –
pero sin perder la ternura.
Rarrá, só você mesmo!
Sai com cada uma que vale por duas!
Você não existe!
Pensa que existe? Você que pensa!
Está rontudamente enquivocado!
Você é só um pronome de tratamento –
e eu sou muito mais eu,
vezes eu, elevado a mim!
Antes solteiro que mal casado.
Antes deserto que mal assombrado.
Antes maldito que mal editado.
Posso não ser um iluminado,
mas sou brilhante.
Falou, vaga-lume!
Mas quem é você pra falar…
Você sabe com quem está falando sozinho?
Esse solilóquio é falta
de alguém pra contracenar?
Plenitude é a coisa
mais solitária desta vida –
vai encarar?
Só eu e meus dentes queridos…
Esqueça de onde venho
e não me pergunte pra onde vou –
e se você quer em quem confiar,
aqui estou.
O ódio não é o melhor caminho
para escolher meus inimigos.
Também penso duas vezes
antes de me apaixonar uma.
Eu sou meio deus e meio ateu;
meio cristão e meio anticristo.
Tudo o que sei é que nada sei,
mas não estou muito certo disto.
L’ÉTAT C’EST MOI, LA GARANTIA SOY YO!
Sou apenas fingidor:
tão completamente finjo
que chego a fingir que é dor
a dor que deveras minto.
A dor moral de nunca ter pecado,
inocência sem paraíso,
vendendo chiclete
numa esquina do inferno.
Fumo um palito de fósforo
e a leveza vira uma
nítida paisagem portátil,
o que os antigos chamavam
de algum nome já esquecido.
Penso agora: logo mais existo.
Como existo porque penso
se penso até no que não existe?
Tanto mais propenso, quanto mais desisto.
Só existo no que penso.
No que páro pra pensar,
o pensamento vai a 1000!
Quando penso que existo
quem continua existindo
enquanto estou pensando?
Entre tanto porquanto,
seja lá o que for,
o Ser tem sido –
ou está sendo, o que é o mesmo –
mas o que será que será do vir a ser?
Obra em obras –
sou aquele que já se foi
e aquele que sempre será –
mas só o posso ser no por enquanto.
Com o tempo, acabei
perdendo a noção do tempo.
Fico totalmente perdido
toda vez que eu me encontro.
Só me entendo plenamente
quando não consigo me explicar.
Posso não ser um crânio,
mas sou mó cabeça, vai.
Filantropo, ma non troppo.
Sovina, mas não ganancioso.
Lúcido, mas nem sempre.
Não sei a verdade, não minto.
Por preguiça de dormir
é que sonho acordado.
Não consigo me perder,
mesmo tão desencontrado.
Nunca sei o que fazer,
mas nunca fiz nada errado.
Não posso te orientar,
mas não tô desnorteado.
Eu valho meu peso em ouro,
mas não sou muito pesado.
Não se arme de tal alarme –
mas alma que é alma nunca se acalma.
Alma nem alva se salva,
que lama não se lava.
Dessa lida nada se eleva.
Cão que ladra, não mordo!
No que trago de você em mim,
só ficou meu próprio cheiro.
Aprendi que não preciso
sair do meu bairro
pra ser um cidadão do mundo.
Já não sou mais descrente –
sei que o inferno é certo
como uma dor de dente.
De um jeito novo de sofrer
saio à cata:
questão de estilo.
Entre a dor que faz viver
e a anestesia que mata,
oscilo.
Meus anos de solidão
fizeram gris meus cabelos.
Você me queria mais jovem?
Tivesse vindo mais cedo…
Não quero guardar
carências e certezas:
só quero jogar paciência –
chinesa.
Já nada me extasia,
espanta,
faz mal
ou irrita:
estou sob anestesia
ampla,
geral
e irrestrita.
Não acho graça
em nada mas ainda
rio de tudo.
Tudo o que aprendi foi por hobby.
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