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25

O diabo tenta mas não consegue.
Os deuses vendem quando dão –
todo dom de línguas
traz em si babelião.

A linguagem é o espelho da realidade –
pode, portanto, distorcê-la à vontade.

Todo verso é retrocesso,
poesia é um encontro
de escombros e outros tantos.

Falha-me deus!
E viu o ilmo senhor
que o mato era do bom:
foi uma tragada e uma travada.

Ainda penso com certa clareza…
mas que diabos há com essa droga?

Este nosso mundo das sombras
nos salvará do das ideias?
Mas que ideia!
Quem te disse
que o que se crê
não é crendice?

As ideias são muito importantes,
nos dizem os idealistas.
Ideia muito importante, por exemplo,
é a da importância das coisas –
determinar o valor das coisas
é importante para determinar
as coisas de valor.
De todas as palavras vazias,
essa é a que mais enche!
Porque não se cansa de atribuir-lhe
novo valor a cada vez que se a emprega
para atribuir valor a tudo
o que deve ser valorizado.
A maior importância de fazê-lo
está em não nos tornarmos
aquele tipo de gente
que não se importa com nada.

Aqui pra vocês:
NÃO SE IMPORTAR É O QUE IMPORTA!

Pra quem se contenta com pouco,
nada é suficiente e nunca é o bastante.
Pra quem se impressiona
com qualquer coisinha,
tudo é muito demais!
E se duas é melhor,
três é demais de bom!

Mas não é nanicas de nádegas,
nenecas de periquitibas,
quando muito é muito pouco –
quanto mais do bom, melhor.

Foi por pouco,
mas não foi nada –
o quase não deixou de aparecer.

Se este é o melhor dos mundos,
imagine o pior.
Deus não tinha nada melhor
para fazer do que a Criação?

CUIDADO ONDE PISA:
O MUNDO É UMA MERDA!

Na verdade, até que é um bom lugar
para se passar as férias:
foda é ter que viver nele.

Nesse mar de lama
navegar é impreciso,
desnecessário e inútil.
Sigam-me se forem capachos,
eu vos curarei
de tanto templo perdido!
É só mais uma viagem errada:
acredite, uma hora vai acabar.
Por ora, deixe-se arrastar:
esqueça os esfolões (é,
eu não queria estar na sua pele,
maibróder), tente curtir o passeio,
adore a lua, uive loucamente,
iluminure-se.

Se não se pode concordar com a realidade,
deve-se encará-la do jeito que ela é.
A ideia da vida eterna
não elimina o medo da morte –
só acrescenta o do inferno.
E a ideia de intercessão
transforma a “outra vida”
num outro tribunal.

Pare pense: que paraíso
é possível pra você
se quem você ama estiver no inferno?
Ou o paraíso será apenas
um mergulho no oceano infinito
da mais Santa Ignorância?
Ah, as letícias desse letes!
As delícias desse delete!…
Como diz a televisão, no brain, no pain.

Morrer será assim um lapso,
um simples esquecer de respirar?

Memória é máquina demente –
torna presente o passado,
fazendo passar o presente…

No inferno vulgar, a dor;
no paraíso, o tédio…

Mas que vida eterna o quê, rapá!
Quem acha que setenta anos
não são o bastante
não saberia aproveitar
nem um paraíso interminável e insaciável!
Então que se morda a vida eterna
e pau no de deus!

E deus-me-livre de igreja,
mãe do verdadeiro inferno!
Essa pedra angular
sempre estará no meio do caminho
do desenvolvimento espiritual,
per omnia amém?!

Pra que tanto horror ao vácuo?
Deixa o mundo girar em paz!
O clone é só um irmão gêmeo mais novo, gente!
Um sósia premeditado!
A clonagem é uma evolução natural da xerografia.

Ora, eis que o trabalho de Sísifo
mostra seus primeiros resultados:
o rochedo foi lapidado pelo caminho,
está talvez mais polido
ou pelo menos desgastado!
Chutemos essa pedra estrada a fora,
até que sobre pó não sobre pedra!

Diga NÃO ao ouro vulgar:
pretendemos a Panaceia,
a Eterna Juventude,
o Super-Homem in vitro,
miramos a Alma Positrônica!

A alma é o corpo em funcionamento!
Quando conseguirmos aniquilar
todas as religiões,
talvez nos tornemos,
pelo menos, animais
ou menos humanos –
e toparíamos no ato
com a mais fera virtude.

Se você não desse
tanta importância a isso,
não ia pegar mal comigo.
Não quero saber de briga.
Briga é coisa de desviado –
imagina,
dois homens desse tamanho
se agarrando.
Toda desinteligência
é sinal de burrice.
Vamos combinar assim:
você não disputa, nem eu digo.
Caso não haja solução para o caso,
vai tomar vergonha
na casa-do-cavalo-a-quatro,
seu filha-duma-pulha!

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domingo, dezembro 20, 2009 - 03:29

Ministério da Poesia :

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MauroBartolomeu

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