CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

9

Enquanto isso, em Memimcomigo,
capital de Aquiagora,
o porqueiro Eumeu dialoga
com o porco do meu Eu.

Pois compadre,
não é que a memória
se desgaste com a idade –
nós é que nos habituamos às coisas;
elas é que não nos surpreendem mais…

Só, tem cada vez menos
cenas inesquecíveis…

Na idade em que os cabelos
começam a cair, é bom ter
algo mais que isso na cabeça.

Se nada faz sentido,
há muito pouco o que fazer.

Tente entender:
entender é transformar
as coisas em pensamentos.
As coisas mais impensáveis
são passíveis dessa pulverização.

O sentido é constituinte do signo,
não do referente.
To do signi fica do
éco nst ruído apart ir
de part ículas ins igni fic antes.

As coisas não falam nada
mas querem dizer muita coisa –
será que passam muita vontade?

Entender é transformar
as coisas em palavras,
trocá-las em miúdos.
A palavra assassina
a coisa-em-si
para fazê-la brotar
no jardim da linguagem.

Tá com medo de falar sozinho?
Talvez seja apenas
um sopro do demônio,
talvez seja dezoito quilates,
sombra de um sonho furtivo,
vagamundo, mentecapto,
blitzkrieg, brainstorm.

Aposte na sorte –
a metade certa talvez
valha mais que o seisdobro.

O tesão de penetrar nas coisas –
no raciocínio a vida mais emocionante!

Entender é tipo uma falta de ar.
A mente é uma coisa de louco, mano!

A história é o sonho da memória;
a realidade, o dos sentidos –
mas diante delas toda palavra
cheira a eufemismo.

Palavra é jaula –
as coisas de verdade
rugem por detrás dessas grades.

O presente é a sensação
que temos quando nos falham
os dons da memória e da profecia.

Isso a que se chama memória
ainda há de fazer história.

O fato de não
nos lembrarmos do futuro
nos dá a falsa impressão
de que ele pode ser mudado.

Além das lentes,
uma distância telescópica;
além dos telescópios,
uma distância astronômica;
além do mais além,
distâncias intergalácticas;
com que metro nos medir agora?

Se você não quer ser igual,
não queira ser diferente
do que você é.
Todos esperam pelo super-homem,
mas só continuam querendo ser gente.

Mas como Pinóquio,
a cada passo rumo a esse país,
mais um palmo de nariz.

Quem sai a seu modo
só pra não entrar na moda
talvez não se saia tão bem,
mas também não entra numa pior.
Mas, já que você já pegou o bumba errado,
por que não relaxa e dá um rolê?
Dá nada não…
Quem não dá de novo, dá de velho;
quem dá de novo, acostuma.

O jovem ainda não sabe
o que o velho já não pode.

Você tenta matar
de fome teu jejum,
você se esquece que o século passado
foi ontem à noite,
finge que não vê que
tuas lágrimas são pirotecnia,
mó desperdício de água e sais minerais,
barulho por nada –
parece que você só quer aparecer.

Teus fantasmas fedem lençol embolorado.

A fumaça é o delírio do incenso –
e o delírio não te ensina nada além do rodopio.
Você sabe que a vida é bela,
e que saber significa
repetir uma frase
toda vez que se lembra dela,
e depois esquecê-la de novo,
mas não sem levar no bolso
aquele arrepio
que algumas palavras nos dão
e a gente não sabe explicar por quê,
até porque a gente não é poeta
e não sabe tipo se expressar corretamente e tal.

Nessa altura do campeonato,
talvez a própria dor
sirva de anestesia.

Talvez a lida não seja
tão feia quando se pinta,
você pensa,
do fundo do teu pulmão –
mas quem sabe na prática
tudo não escorregue mais facilmente
do que prevê a teoria
e as coisas encontrem
seus lugares naturalmente,
como dois órgãos sexuais?

Tá legal, vamos colocar ordem nessa bagaça.
Você não percebe que está
fugindo de você mesmo
a duzentos por hora?
Por que acreditar que os anjos
fazem plantão no natal?

Não vê que é arrogância
tanto medo do ridículo?
Olhe ao seu redor –
há algo de que não se possa rir?
Todos travestem a peita de suas fardas,
o rigor da moda,
celas fantasiadas de elegância.

Já viu como é que um bicho
fica ridículo
quando colocamos roupas e outros
acessórios da moda neles?
Pois é, domesticadíssimos senhores,
com o bicho-que-usa-roupa
é a mesma coisa.
Se você não percebe isso,
é porque você não passa
de um mero adaptado.
Mas quer coisa mais ridícula
que o senso do ridículo,
essa elegante camisa-de-força?
Vai ficar querendo.
Todos somos invariavelmente
ridículos ao limpar o ânus –
e pior ainda se não limpar!

SE NÃO INVESTÍSSEMOS TANTO EM VESTIMENTAS,
NÃO PRECISARÍAMOS GASTAR TANTO COM PORNOGRAFIA.

Indecente mesmo é mostrar o rosto,
nossa máscara mais cara.
Seres como os anjos,
hipotéticos de tão puros,
devem ter vergonha
de se vestir em público!

Pare pense, por que que
os anjos se vestem de luz?
Porque não são eles que pagam a conta!

A nudez de uma criança não carrega
a marca da imoralidade,
que só pode ser adquirida
com a moral, o bendito Furto
da Árvore do Conhecimento.
Mas nada escapa à perversão:
é da inocência das crianças
que o diabo mais gosta!
Apertam-se as bochechas,
mordem-se as coxinhas…
Per fas et nefas,
o nefasto vai que vai.

Você fala tudo o que pensa,
você não pensa pra falar!
Sente a sinceridade como um cancro
bem no meio do pensamento.
Sinceridade de verdade
é a das crianças que se fingem de doentes
só pra não ir à escola!

Delas é o reino dos céus, você pensa,
não porque tenham feito por merecê-lo,
coisa que não se pode exigir da nossa raça,
mas por ainda não terem tido tempo
de fazer por desmerecê-lo –
bela visão, essa.
São os bons que morrem jovens
ou são os que morrem jovens
que não têm tempo de piorar?
Questão banal – depois que morre,
todo mundo vira santo mesmo…

Se sem o mal não pode haver o bem,
então o mal é um mal necessário…
Quanta balela! O verdadeiro mal
é esse maniqueísmo roxo.

Diz o criminoso nato
que o que distingue seus atos
dos de qualquer outro é o fato
de num livro determinado
aqueles estarem exatos.
Quem os ditam são os ratos,
quem não lê que pague o pato.
E os santos são uns coitados,
que não se dão por achado,
mas que apenas não toparam
os prazeres do pecado.
Ou zoaram pra caralho
e dão uma de sem braço
pra entrar no reino de bicão!

Quem não tem moral não faz inquisição.
Invistamos em nossos vícios, não contra eles!
Vícios e virtudes –
apenas vicissitudes…

É PRECISO CONHECER MUITO BEM O MAL
PRA SE COMETER UM PECADO ORIGINAL!

Você tem a liberdade de escolher o mal:
mas tem que escolher muito bem,
que mal é o que não falta
nesse mundo-de-meu-deus.

A única salvação possível
é ser mais puro que qualquer deus –
e a mais pura pureza
coincide com a mais puta puteza –
O Ser Superior
é não ter nenhum pudor.

Vida repleta e obra completa –
não deixo por menos.
Ser inúmero ou ser número,
mas no reto do concreto,
exato no ato, no mate da temática,
natural, racional, positivo, real, inteiro,
elevado à máxima potência
e tendendo ao infinito,
Apocalíptico e Integrado,
despido até dos dentes –
mas despido para matar ou morrer!

Submited by

domingo, dezembro 20, 2009 - 00:04

Ministério da Poesia :

No votes yet

MauroBartolomeu

imagem de MauroBartolomeu
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 12 anos 23 semanas
Membro desde: 12/19/2009
Conteúdos:
Pontos: 110

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of MauroBartolomeu

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Geral asfixia 0 877 08/06/2011 - 05:56 Português
Poesia/Haikai sem título 1 743 03/29/2011 - 15:19 Português
Poesia/Amor Contra o Amor 2 1.316 03/23/2011 - 15:56 Português
Fotos/ - MauroBartolomeu 0 1.184 03/05/2011 - 01:25 Português
Ministério da Poesia/Geral 30 0 1.358 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 6 0 1.301 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 29 0 1.362 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 27 0 1.342 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 28 0 1.535 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 25 0 1.374 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 26 0 1.462 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 24 0 1.402 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 23 0 1.409 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 22 0 1.253 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 20 0 1.292 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 21 0 1.213 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 14 0 1.467 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 15 0 1.270 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 16 0 1.227 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Amor 17 0 1.381 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Canção 18 0 1.561 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 19 0 1.360 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 8 0 1.347 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Geral 9 0 1.374 11/19/2010 - 19:12 Português
Ministério da Poesia/Canção 10 0 1.536 11/19/2010 - 19:12 Português