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ALLEGORIAS II

2

O Zephyro e a Rosa

(Imitada de uns versos de Parny)

Linda Rosa sobre a margem
De um regato cristalino,
Ia abrindo o rubro seio
Ao dôce humor matutino:

Acaso um Zephyro, errante
Nas amorosas paixões,
A viu, e quiz dos prazeres
Dar-lhe as primeiras lições:

Porém não foi attendido
Da florinha esquiva, e bella,
«Por quem sois voae, deixae me.
Não posso amar (lhe diz ella):

«Ainda sou pequenina,
Ainda apenas vos vejo,
Tornae á tarde, e de ouvir-vos
Talvez terei menos pejo.»

N'isto o Zephyro adejando
Vai cuidar de outros amores,
Que o que vos succede, oh nymphas,
Succede tambem ás flôres. .

Indo já longe, eis um Euro
Para a rosa se encaminha,
E com rusticos affagos
Lhe desprende uma folhinha.

Cáe no arroio, e vai com elle
(Oh grosseiro, oh fatal brinco!)
Apoz esta segue-se outra,
Depois tres, e quatro, e cinco.

Finalmente o rude amante
Mimosas graças desfaz,
Que os meigos deuses lograram,
Se a Rosa fôra sagaz.

Vólta o Pavonio ancioso
Por gosar ternos carinhos;
Mas ai, que em logar da Rosa
Não acha mais do que espinhos !

Armia, observa este exemplo,
Desterra illusões, e enganos,
Segue Amor, antes que o tempo
Te desfolhe a flôr dos annos.

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domingo, setembro 20, 2009 - 23:42

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Bocage

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