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ELOGIOS XI
11
Aos faustissimos annos da Serenissima Senhora
D. Maria Benedicta, Princeza do Brazil, viuva
(Recitado no Theatro do Salitre, em 25 de Julho de 1798)
Sacro delirio, creadora insania,
Que não paga de um Deus, de um céo não paga,
Ousaste pregoar mais céos, mais deuses;
Opulenta indomavel phantasia
Dos homens quasi numes, que, invadindo
Os bronzeos penetraes da Eternidade,
Presumiste erigir no centro d'ella
O paço a Jove, o tribunal aos Fados,
Os astros povoar de vãs deidades,
E, esforçando o terror da Natureza,
Depois arremetter do Averno ás portas,
Sumir teus vôos pelo immenso abysmo,
Erguer Plutão sanhudo em férreo throno,
Fingil-o ao Medo, figural-o ao Crime
Regendo as Furias, legislando á Morte:
Oh Genios sem limite, oh vós, que outr'hora
Dáveis aromas, templo, altar, ministros
A' virtude immortal das almas bellas,
Mais puras, mais brilhantes, mais formosas
Que o filtrado clarão das eras de ouro !
Manes, sagrados manes! Se, arrombando
Da existencia, e do nada o muro eterno,
Volvesseis a vagar no globo infausto,
No globo já corrupto, e não lustroso
Do primevo explendor ! Se ao alto olhando
Por entre a névoa de apinhados vicios,
(Semente nunca esteril no universo)
Visseis em summo gráo, remoto d'elles,
Luzir dos hymnos meus o grande objecto,
Luzir Maria, a singular Maria,
Prole de reis, de heróes, de semideuses,
Do imperio universal por si credora,
Maior que os Fados seus, maior que a Fama !
lrieis com transporte, e jus mais sancto
Sagrar-lhe aromas, templo, altar, ministros.
Seu dia, que deveu aos céos cuidado,
E no sol, como os mais, não teve origem,
Seu risonho natal, quasi tão puro
Como o seu coração, deu hoje á terra
Prazeres, cuja idéa encantadora
Foi ao estro dircêo talvez negada.
Hoje Aurora surgiu não somnolenta:
Hoje Aurora, anhelando anticipar-se,
Na orvalhosa madeixa desparzira
Almos perfumes, a que céde o nectar:
Flôres, que dispuzera, e que zelava
Nos elysios jardins cultor divino,
Para toucarem a manhã mais bella,.
A mais bella manhã, que sobre o Tejo
Em chuveiros as Graças derramando,
A' superficie azul subtis cardumes
Attrahiu dos Favonios brincadores,
Por mais dôce fragrancia enfeitiçados,
Uns após outros desdenhando as rosas.
Sorriu-se, como nunca, o rei dos entes
No ponto em que raiou tão fausto dia,
D'entre os ethereos orbes deslisado;
Sorriu-se, e reflectiu no céo, na terra,
Na face festival da Natureza
0 adoravel sorriso omnipotente,
Capaz de produzir mil sóes, mil mundos,
Torcer os Fados, e alegrar o inferno.
Então, a eternas leis curvado o Tempo
Na corrente fatal dos bens, dos males,
Em que é vida este anel, e aquelle é morte,
O Tempo então, depondo a fouce, as azas,
Poliu aureo fuzil, tão reforçado,
Que o desabrido assalto, o pezo, o encontro
Dos seculos em chusma, o não rompessem:
Deve tanto a Virtude ás divindades !
És, brilhante fuzil, és a existencia
Da régia, da magnanima heroína,
Que n'alma florecente o céo resume;
Augusto coração, cuja grandeza
Quando aos miseros desce aos astros sóbe,
E colhe em galardão a eternidade.
Encanto universal, matrona excelsa,
Como que ao templo ingente, onde a Memoria
Construe estatuas, que não róe a edade,
Erguido, arrebatado o pensamento,
Por entre as altas copias venerandas
D'aquellas, que transpõem o horror do Lethes,
Lá vê sobresair a imagem tua,
E lê na, que a sustém, perpétua base:
«A gloria de Maria é mais que a vossa:
Ao bronze sup'rior curvae-vos, bronzes !»
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