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ELOGIOS XIII

13

Consagrado ao nascimento
da Serenissima Senhora Infanta D. Izabel Maria

(Recitado no Theatro da Rua dos Condes, no anno de 1801)

Interlocutores : ACTOR E ACTRIZ

ACTOR

Musas, Musas do Tejo, alçae ao pólo
Versos dignos de reis, da patria dignos.
Desenruga-se o Fado, os tempos volvem
Quaes a vate Cuméa os viu na mente
O mundo se renova, o cáhos triste,
Com que oppressa gemia a Natureza,
Em dias se desfaz de riso, e de ouro.
No manto côr de neve Astréa envolta
As eras de Saturno á terra guia;
Desliza-se dos céos estirpe nova;
Sorriso virginal, penhor divino,
Apura, formoseia os ares nossos;
Em Zephyros mimosos se convertem
Os duros Aquilões; luzeiro errante
Surge, rutila da sinistra parte,
E com faustos satélites discorre
D'este a aquelle horisonte os céos de Lysia,
Ingente, majestoso, e qual outr'hora
Dourou a alma de Julio o céo de Roma,
Phantasmas desvanece, agouros varre.

Salve, casta, benefica Lucina,
Fautora do gentil, do amavel fructo
Que brota de sagrada, eterna planta !
Salve, prole de heróes, prole adoravel !
Tu vens embrandecer com teus encantos
A ferrea edade, o seculo das Furias;
Amor, paz, innocencia ao mundo off'reces
Dos olhos infantís no dôce lume,
Luzindo, vicejando em mil virtudes,
Irá no coração, maior que os annos;
De glorias cingirás tua existencia;
Por ti conciliado o céo co'a terra
Veremos, e por ti verificar-se
Quanto as mentes phebéas têm sonhado.
Nos tempos de João, nos tempos nossos
Ha de o passo de Jove a patria honrar-nos:
Hão de os netos de Luso, ao deus tão gratos,
Qual se vive no céo, viver no mundo:
Mixtos os numes, e os heróes veremos;
E, se rastos houver do crime antigo,
Apagados serão por teus influxos.

De flôres se matiza em honra tua
A leda Natureza: o térreo seio
Levanta o myrtho ameno, a paphia rosa,
O loureiro bonrador, e o molle acantho:
Nas varzeas para ti se está sorrindo,
De aurea espiga toucado, o mez de Céres:
Vae teus louvores murmurando o Tejo,
E ao potente Oceano, ao rei dos mares
Leva teu nome, o teu natal, teus fados
Na voz, que adoça ao proferir o annuncio.

Atêam-se entre as alvas, brandas nymphas
Dôces debates: entre si contendem
Qual primeiro abrirá nas vítreas lapas
Teu nome idolatrado; e qual primeiro
Teu aureo berço, teu virgineo corpo
Na tela imitará com sabia agulha.
Tumultuando os céos trovão de bronze,
Não murcha corações, não tolhe os hymnos
Que o transporte, que o jubilo desata.
O numen da braveza, o deus do sangue,
Ouvindo que teu ser já luz no mundo,
Do carro assolador saltando alegre,
O elmo, a lança, o pavez arremessando,
Ficará tão sereno, e tão macio,
Como quando entregava, acceso em gostos,
De Venus ao regaço a crespa fronte,
E co'as armas folgando os amorinhos,
Do caracter deposto escarneciam.
Caracter surdo aos ais, aos prantos surdo,
Que uns olhos, que um sorriso amolleceram.

Melindrosa, gentil, real menina,
Cópia das Graças, dos Amores cópia.
Filha digna dos paes, delicia d'elles,
Cresce, brilha, prospéra, exulta, vive:
Quaes são teus olhos os teus dias sejam,
Claros, formosos, innocentes, puros !
Querida prole, a conhecer começa
A carinhosa mãe, que magoaste
Com agro pezadume em longos dias;
Melhora os risos teus nos risos d'ella;
E's semidéa, ficarás deidade.

ACTRIZ

Para o penhor mimoso
D'entre os syderios lumes,
Olhae, benignos entes,
Olhae, propicios numes.

A providencia vossa,
Vossa favor merece
Quem tanto, oh divindades,
Comvosco se parece.

Genio de luz composto
Córte os ceruleos ares,
E dos monarchas lusos
Orne os pomposos lares.

Ao marchetado berço
Risonho se approxime,
E ali requinte as graças
De espirito sublime.

Seus luminosos fados
Zelando em cofre de ouro,
Lustre, enriqueça o mundo
Co singular thesouro;

Afague a dôce prole
Dos que são mais que humanos:
D'ella um só dia occupe
O que não cabe em annos ;

E quando em tardas eras
Voar d'entre os mortaes,
O céo na posse d'ella
Gose de um astro mais.

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domingo, outubro 18, 2009 - 21:26

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