CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

João Sente-Sóis.

João sen’campo nen’terra, João sente-sóis

Nasci tão complicado como um ser, qualquer um,
De infinitos nós, perfeitos, carecido d’asas e voar
Pra ser feito e meu o altar em qualquer espírito
Livre da água leito e terra Magna igual à minha,

Lugar triste, sozinho. Aves do campo dela. vêm mirar,
Viesses tu, à tardinha ver-me, lavrado sobr’terra,
Com’as outras aves do mar, nu sentirias,
Ancorado meu corpo ao solo como na alma minha

Só se pondo no meu olhar gato, de peixe pampo.
Há primaveras, tantas, tontas no meu viver,
No voo de campo em campo, cavado, daí beber,
Nas plantas de tua mão, ave, supondo eu -O Saber.

Triste sozinha ave, meu copo no teu altar astral,
De boda, vem de noite dormir, beber meu hálito,
Debaixo do beirado, de bico baixo e d’asa torta
Abrigada do vento, tempo adufe e sem causa,

Vem, avezinha triste e vizinha, dar-me teu tempo e encanto
E tecto a mim, que sozinho estou, no meu campo,rio frio,
Avezinha tanto, desentristece-me avezinha encanto,
Com o canto teu, som da Terra. vinha..tenta, entra,

Canta lenta…tentacanta e encanta-me,
Vizinha triste, ave do campo sente, meus curtos bemóis,
Desenterra o canto, lê-me na voz de-quem-me-dera,
Entender a razão, da fome e dor, desta amada Terra,

Pois nasci eu, antes de nascer a Terra toda, quando
A realidade que me rodeava era rasa e bera
Campa e é aonde ando, andamos, clã sem terra,
João sem’campo, João sente sóis, quem me dera depois,

Por quanto, não senti nascer campos louro em pedras,
Pudera, tal abundância não se cria d’terra feia,
Nem no que se diz ter, ao nascer, o grã-canto das Aroeiras,
Flor,portanto eu canto, as vizinhas aves do campo, pobres…

Sem no branco pisar, porquanto era já espírito e ar,
Quando o mundo era pequeno e praticável e Amor
De quem sou eu? Tão complexo como uma flor d’estio
Que se crê ter alma completa e bem, serei também.

Nasci antes de nascer, sou natural ramo, fumo
De uma coisa quase banal que se chama coração,
E amo o espaço que se pensa vazio, a razão clama
Na minha frente, amo o entardecer, magnífico.

Como se houvesse verão cedo, bora a chuva caia, fria,
Pausa um vento, por tudo que em mim foge,
Sinto-me original no que sinto e fere
-Uma ilusão de Acácia ática folhosa, da enseada,

João sen’campo, João sente sóis, João sen’terras
Talvez seja verão perene (penso eu e a franca arvéola)
Todo ano, as folhas sintam a minha seiva a galope
Com’um vulcão, sedo o calor da vida que me aloje

E o entardecer que me foge no momento
Cedo é ainda e a chuva que cai, forte e fria
Caía na minha frente, nascia nascente, corrente
Fonte e indiferente e eu enxuto, inexacto…cedia

Cedia ao meu coração-fogacho de fusão ardido-
(Tal fosse físico, fá-lo-ia paradigma no meu coração)
Faz-me dor a paisagem e a margem quando flui de mim…
Paisagem, quanto pobre ave do campo,

Vizinha por sequela, vem Adélia meu amor,
E eu paro pra vos dar o meu amor-solo da terra dela-
TERRA BELA…Adélia meu amor.
João sente-sóis…

Joel Matos (11/2014)
http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

sábado, março 3, 2018 - 13:05

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 4 dias 8 horas
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

Nasci antes de nascer, sou natural ramo

Nasci antes de nascer, sou natural ramo, fumo
De uma coisa quase banal que se chama coração,
E amo o espaço

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Geral Pra lá do crepúsculo 30 3.286 03/06/2024 - 11:12 Português
Poesia/Geral Por onde passo não há s’trada. 30 4.164 02/18/2024 - 20:21 Português
Poesia/Geral Sonhei-me sonhando, 17 4.741 02/12/2024 - 16:06 Português
Ministério da Poesia/Geral A alegria que eu tinha 23 5.203 12/11/2023 - 20:29 Português
Ministério da Poesia/Geral Notas de um velho nojento 7 3.260 12/06/2023 - 21:30 Português
Ministério da Poesia/Geral (Creio apenas no que sinto) 17 2.241 12/02/2023 - 10:12 Português
Ministério da Poesia/Geral Vamos falar de mapas 15 8.092 11/30/2023 - 11:20 Português
Ministério da Poesia/Geral São como nossas as lágrimas 9 1.448 11/28/2023 - 11:11 Português
Poesia/Geral Entrego-me a quem eu era, 28 3.676 11/28/2023 - 10:47 Português
Ministério da Poesia/Geral O Homem é um animal “púbico” 11 4.982 11/26/2023 - 18:59 Português
Ministério da Poesia/Geral A essência do uso é o abuso, 1 4.171 11/25/2023 - 11:02 Português
Ministério da Poesia/Geral Insha’Allah 2 2.661 11/24/2023 - 12:43 Português
Ministério da Poesia/Geral No meu espírito chove sempre, 12 2.381 11/24/2023 - 12:42 Português
Ministério da Poesia/Geral Os destinos mil de mim mesmo. 21 7.294 11/24/2023 - 12:42 Português
Poesia/Geral “Daqui-a-nada” 20 5.043 11/24/2023 - 11:17 Português
Ministério da Poesia/Geral Cada passo que dou 0 2.508 11/24/2023 - 09:27 Português
Ministério da Poesia/Geral Quem sou … 0 3.222 11/24/2023 - 09:26 Português
Ministério da Poesia/Geral Ricardo Reis 0 1.245 11/24/2023 - 09:24 Português
Ministério da Poesia/Geral A dança continua 0 4.592 11/24/2023 - 09:23 Português
Ministério da Poesia/Geral A importância de estar … 0 2.927 11/24/2023 - 09:17 Português
Ministério da Poesia/Geral Se eu fosse eu 0 1.620 11/24/2023 - 09:15 Português
Ministério da Poesia/Geral Má Casta 0 2.752 11/24/2023 - 09:14 Português
Ministério da Poesia/Geral Neruda Passáro 0 3.139 11/24/2023 - 09:12 Português
Ministério da Poesia/Geral Pouco sei, pouco faço 0 1.946 11/24/2023 - 09:11 Português
Ministério da Poesia/Geral Do que tenho dito … 0 2.509 11/24/2023 - 09:09 Português