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Princípio sem fim

Ouves?
Não, não são velas o que vês no horizonte
Não são barcos, de verdade, não são barcos
Nem é mar, nem é água, é outra coisa

E os lenços a acenar não são lenços
Não vês os homens a chorar…é do vento
Nem sequer o horizonte é o fim
Nem as lágrimas são lágrimas…é sal

O que vês no horizonte são restos de dias
Que não voltam mais
O que vês no horizonte…e que vês tu?
Pobre alma penada que nem vê
Que não são de água estas ondas…são de sangue.

Sangue que há-de correr
Não vês o mar tinto no ocidente?
E tu vais para o por do sol
E eu vou contigo
Partilharemos o naufrágio
Mas que importa, vou contigo

Como querias por fim essa linha onde as velas são tragadas?
Ela é o começo
O fim é mais tarde ao acordares
E reparares que não foi sonho
O pior é a realidade
Deixo-te este adeus: eu
Quando estiveres só e longe sorri-me
Que o meu eu que vai contigo vive
E há velas no horizonte

Vais de dia
Durante quanto tempo fará noite?
Muito vai morrer e mudar
Mas enquanto houver velas no horizonte
(barcos, aves, seja o que for)
Nascerão novas asas cada dia
E talvez um amanhã.

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segunda-feira, março 28, 2011 - 10:43

Ministério da Poesia :

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Maria Jose Mouraz

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