CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Para no fim desembocar num sopro

Para no fim desembocar num sopro…
Era beleza só e afinal.
Uma beleza terrorista, inconsequente... repentista.
Uma dúvida tão bela, que o mundo ainda não acontecia e só choravam cascatas na terra.
Por aqueles dias a ventania, que ainda não tinha nome nem função, atribulava uma precoce inquietude molecular.
Um engarrafamento de meridianos inventava cordilheiras e oceanos num frenético estertor de murmúrios perpétuos.
Não se sabia de nada, nem o cheiro das entranhas em parto tumultuoso tinham o perfume de útero, tão só, porque o ponto de interrogação se afirmava absoluto no romance do tempo.
As árvores germinavam agrestes, sem saberem ser fruto da fecundação sublime dos elementos, que eram a afirmação eminente de um desastre épico e urgente.
Agora, o tempo, já não era um relógio parado, e um sismo cego celebrava a catarse universal num jorro de cores catástrofe e paixão.
Baptizou-se a natureza e o Homem sem culpas corria nu pela terra.
Toda a carne era difícil e crua, intacta e pura.
Num respirar quase cósmico brotou um espelho de água verde que reflectiu os esconderijos mundanos que faltavam ao nome do mundo.
Uma orgia planetária descobriu o pecado sobre a forma de fogo, terra, madeira, metal e água…
Idolatrou-se o domínio dos elementos e o Homem tornou-se num espectro, quando lhes inventou nome de deus…eram agora já escravos e…mortais.
Muito tempo passou muito depressa, o século era sempre pretérito e a vida um edifício Homérico.
O romance do tempo exclamava pelos pontos de interrogação e coisas que não tinham nome anunciaram-se ao mundo num cataclismo infame…guerra, ódio, desprezo, indiferença e bíblia.
A terra ganhou amos e os chicotes eram agora patrões enfurecidos num colérico bailado de morte.
O sangue do Homem plantou as cidades na terra e a tristeza era uma força embrutecida de operários sujeitados.
Desenharam-lhe o destino sem acabar o romance, plantando pontos finais numa História que nunca tem fim.
Do epicentro das metrópoles exploradas, das searas esquecidas, dos rostos com fome nasceu o grito e veio a luta…
Para no fim desembocar num sopro…de esperança
Era beleza só e afinal.
O romance do tempo não tinha pontos finais e o Homem que luta…
Não conhece…a rendição!

Submited by

sábado, fevereiro 20, 2010 - 22:19

Poesia :

No votes yet

Lapis-Lazuli

imagem de Lapis-Lazuli
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 11 anos 4 semanas
Membro desde: 01/12/2010
Conteúdos:
Pontos: 1178

Comentários

imagem de jopeman

Re: Para no fim desembocar num sopro

mto boa meditação, adornada com a arte, inconfundível, da tua escrita

mto bom

abraço

imagem de Obscuramente

Re: Para no fim desembocar num sopro

Talvez, um dia o vento sopre, e não haja mais que o pó... para o qual devemos retornar...

Sempre bom ler-te.

Abraço.

imagem de MarneDulinski

Re: Para no fim desembocar num sopro

BELEZA DE POEMA, GOSTEI MUITO!
Normalmente não gosto de metáforas em excesso, até deixo de ler muitos poemas por este motivo, mas este, gostei demais!
Meus parabéns,
Marne

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Lapis-Lazuli

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Aforismo Imparável movimento dos cegos 1 1.015 02/07/2010 - 19:13 Português
Poesia/Dedicado Adeus Bonequinha...( escrito póstumo) 6 1.003 02/07/2010 - 18:05 Português
Poesia/Aforismo Um cão morto na estrada 7 942 02/07/2010 - 12:18 Português
Poesia/Intervenção Oração 9 1.546 02/06/2010 - 21:50 Português
Poesia/Meditação Horizontes contínguos 1 1.095 02/06/2010 - 01:23 Português
Poesia/Geral O crepúsculo da dialéctica 2 923 02/05/2010 - 15:29 Português
Poesia/Meditação Sorriso 5 1.667 02/04/2010 - 22:46 Português
Poesia/Intervenção IRA 3 1.086 02/04/2010 - 05:58 Português
Poesia/Intervenção Manuel do Povo...na Póvoa da morte 1 1.255 02/04/2010 - 04:31 Português
Poesia/Intervenção EU 2 1.076 02/03/2010 - 23:13 Português
Poesia/Aforismo Glaciares 2 2.104 02/03/2010 - 22:55 Português
Poesia/Meditação O ar é de todos 1 1.097 02/03/2010 - 22:43 Português
Poesia/Meditação Eu por um pouco de lítio 1 1.271 02/03/2010 - 13:57 Português
Poesia/Meditação Viagem 3 1.302 02/02/2010 - 15:10 Português
Poesia/Amor ...e de amor ás vezes 1 923 02/02/2010 - 04:09 Português
Poesia/Intervenção Balada dos pés descalços 1 1.129 02/01/2010 - 20:19 Português
Poesia/Amor Margem Sul 1 1.236 01/31/2010 - 22:23 Português
Poesia/Aforismo Onze e vinte 3 1.105 01/31/2010 - 21:21 Português
Poesia/Aforismo Requiem por um peido 8 1.604 01/31/2010 - 21:14 Português
Poesia/Aforismo Fascismo nunca mais! 13 1.200 01/31/2010 - 16:18 Português
Poesia/Intervenção Braços 1 2.044 01/29/2010 - 04:11 Português
Poesia/Aforismo O mundo é um manicómio 2 1.108 01/27/2010 - 21:36 Português
Poesia/Aforismo Ergo do sol em ódio 2 681 01/27/2010 - 03:07 Português
Poesia/Intervenção Sempre em luta 3 1.158 01/25/2010 - 03:50 Português
Poesia/Intervenção Lady Nagasaky 1 1.102 01/24/2010 - 23:20 Português