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Penumbra
Fui fantasma numa outra vida, fogo sem chamas a arder,
salteador empobrecido, dolosa página esquecida, riqueza de pobre a morrer.
Ditei cansaço com os meus lábios, realidades de passos revoltados,
sofri nas mãos dos repelidos, para ser dos feios o adorado.
Fui a febre de vis loucuras que mereceram desilusão em versos cansados.
A arte de seduzir e, quem diria?... a tortura do pecado…
Adormeci sozinho e de madrugada acordei acompanhado
por seres terríveis, pesadelos inesquecíveis, os queixumes de desprezados.
Fui proibido à Primavera por ser tudo menos fértil alegria,
por ter nos olhos caveiras, vaguear por cavernas que nada tinham de beleza,
apenas uma gélida e profunda tristeza que murchava qualquer riqueza.
Assim, meus passos tombavam em pântanos de cansaço inebriante,
de volúpia por atmosferas irritantes onde já nada existia,
onde, se caísse, morria tal como o cego que já viu um dia.
Sem forças, sou flor já morta ao anoitecer…
O ridículo que impregna os jardins com piores pecados do que sonhar.
Sou manequim, boneco sem fios, privado de desafios,
abominável perante as estrelas, príncipe de becos sem saída,
enclausurado perante a mais reles vida…
Liberdade?
Impossível tê-la pois não a sei merecer!
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Poesia :
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Comentários
Re: Penumbra
Um poema bem escrito e inspirado, gostei!!! :-)
Re: Penumbra P/Solitudinis
Liberdade... nas asas das tuas palavras!
Poderosa... a tua escrita...
Que jamais seja proibida!
Abraço
Re: Penumbra
Melâncolia escrita de forma muita original!
Re: Penumbra
De facto a liberdade não só é para a quem a conquista,mas também para a quem a merece.
descobrir a tua escrita... de tão sombria como de iluminada...inquieta-me e estou a gostar, só não sei se a mereço.
Beijo
Re: Penumbra
Todos temos um pouco de luz e escuridão, um pouco de encanto e ruína... e sempre devemos ter um muito de nós e um pouco de outros:)
Agradeço-te pelas palavras:)*