Penumbra
Fui fantasma numa outra vida, fogo sem chamas a arder,
salteador empobrecido, dolosa página esquecida, riqueza de pobre a morrer.
Ditei cansaço com os meus lábios, realidades de passos revoltados,
sofri nas mãos dos repelidos, para ser dos feios o adorado.
Fui a febre de vis loucuras que mereceram desilusão em versos cansados.
A arte de seduzir e, quem diria?... a tortura do pecado…
Adormeci sozinho e de madrugada acordei acompanhado
por seres terríveis, pesadelos inesquecíveis, os queixumes de desprezados.
Fui proibido à Primavera por ser tudo menos fértil alegria,
por ter nos olhos caveiras, vaguear por cavernas que nada tinham de beleza,
apenas uma gélida e profunda tristeza que murchava qualquer riqueza.
Assim, meus passos tombavam em pântanos de cansaço inebriante,
de volúpia por atmosferas irritantes onde já nada existia,
onde, se caísse, morria tal como o cego que já viu um dia.
Sem forças, sou flor já morta ao anoitecer…
O ridículo que impregna os jardins com piores pecados do que sonhar.
Sou manequim, boneco sem fios, privado de desafios,
abominável perante as estrelas, príncipe de becos sem saída,
enclausurado perante a mais reles vida…
Liberdade?
Impossível tê-la pois não a sei merecer!
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 312 reads
Add comment
other contents of Solitudinis
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
Fotos/Profile | The stains of lifeless deeds | 0 | 1.218 | 11/24/2010 - 00:38 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Once upon the sun | 0 | 1.227 | 11/24/2010 - 00:38 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | As the sky is drowning light | 0 | 1.210 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | For a sign of hopeful light | 0 | 1.250 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Looking at a loving dream | 0 | 1.315 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Passionate in a distant land | 0 | 1.275 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Once upon a loving coffee | 0 | 1.779 | 11/24/2010 - 00:36 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Keeping the ruined memory | 0 | 1.338 | 11/24/2010 - 00:36 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Landscape | A catedral de Novi Sad de dia (Sérvia) | 0 | 1.419 | 11/20/2010 - 05:25 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Landscape | A catedral de Novi Sad (Sérvia) | 0 | 1.586 | 11/20/2010 - 05:25 | Portuguese |
Prosas/Saudade | "Sob um céu de Outono chorei..." - Conto Completo | 0 | 1.145 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Saudade | "São asas e o vento..." - Conto Completo | 0 | 1.142 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "Sob a neblina que me corta o sangue" - Conto (Excerto) | 0 | 1.161 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "Sentiam os meus passos na escuridão" - Conto (Excerto) | 0 | 1.139 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Com a sua luz, pinto a divina gentileza - Conto (Excerto) | 0 | 1.098 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | A arte das sombras aprisionadas - Conto (Excerto) | 0 | 1.144 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Resquícios de estranhas sinfonias - Romance (2º livro - Excerto) | 0 | 1.407 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "Tenho um sonho como consorte" - Conto (Excerto) | 0 | 1.022 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "De espectros e dor..." (Excerto) 1º livro | 0 | 908 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | "Molduras" - prosa poética completa | 0 | 952 | 11/17/2010 - 23:21 | Portuguese | |
Poesia/Love | Inebriante e sereno (Prosa Poética - Excerto) | 0 | 1.069 | 11/17/2010 - 23:20 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Tenho dor nos meus olhos - (Prosa Poética - Excerto) | 0 | 1.254 | 11/17/2010 - 23:17 | Portuguese | |
Poesia/Love | For a muse of divine dreams | 0 | 1.053 | 11/17/2010 - 23:16 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | The comfort of a fallen man | 0 | 1.156 | 11/17/2010 - 23:16 | Portuguese | |
Poesia/Gothic | Fragille Insomnia | 1 | 977 | 03/05/2010 - 03:54 | Portuguese |
Comments
Re: Penumbra
Um poema bem escrito e inspirado, gostei!!! :-)
Re: Penumbra P/Solitudinis
Liberdade... nas asas das tuas palavras!
Poderosa... a tua escrita...
Que jamais seja proibida!
Abraço
Re: Penumbra
Melâncolia escrita de forma muita original!
Re: Penumbra
De facto a liberdade não só é para a quem a conquista,mas também para a quem a merece.
descobrir a tua escrita... de tão sombria como de iluminada...inquieta-me e estou a gostar, só não sei se a mereço.
Beijo
Re: Penumbra
Todos temos um pouco de luz e escuridão, um pouco de encanto e ruína... e sempre devemos ter um muito de nós e um pouco de outros:)
Agradeço-te pelas palavras:)*