CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Tango
Tango Tango O último raio de sol ainda ilumina as largas ruas, as latinas e quadradas plazas de Buenos Aires fim de tarde. Edifícios dourado róseo resplandecem de brilho , pesadas construções de pedra, simbolismo Espanhol noutro lado do mundo. No colorido e caprichoso bairro de Boca lentamente vão-se juntando pessoas em círculos nas estreitas e sinuosas ruas ,indiferentes ao trânsito. Um par vestido de negro dança ao som do tango, peles morenas e transpiradas, concentração total no movimento e no momento dançam com a alma pungente das guitarras espanholas. Aos câmbios de ritmo pronunciado dos músicos o par responde com o corpo num frenesim exagerado de sentimentos e emoções e em sintonia com o catalogo de cores das ruas contagia o mais lúgubre transeunte acotovelado na calle Santiago. Raul e Constância conheceram-se nas docas e ainda poucas palavras tinham cruzado até os pés desenharem os sons invisíveis das ruas. O bar totalmente cheio e a canilha de chá-mate vazia levaram-nos para outras paragens mais afastadas do rio La Plata, tinham no corpo magro a maldição da música, dançar transportava-os através de dimensões cósmicas que outros seres vivos ignoravam. Constância andava pelos trinta e poucos anos de idade, tinha coxas sensuais e uma bela silhueta de bailarina, pescoço esguio, olhos muito escuros e pele bronzeada, movimentos largos e suaves que controlava perfeitamente enquanto as mãos com longos dedos deslizavam demoradamente pelo corpo de Raul. Este era um pouco mais novo, Marinheiro e homem curtido pelo mar, em cada porto procurava o calor ausente das brisas marinhas, também ele dançava por paixão ,em todos os cais e com todas as amantes ocasionais. O tango foi alucinante assim como o devaneio que os uniu por um instante, as horas pareceram-lhes ínfimas fracções temporais. De mão dada ignoraram a vaga multidão calada e tão breves como chegaram afundam-se na distância da rua. As laranjeiras baixas ocultam a noite e esta fecha-se em cheiros doces e sombras dúbias onde dançam macabras todas as dúvidas e fantasias. Mal pendurada na parede branca uma placa em ferro ferrugento denuncia “pension” algo mais indistinto ainda: “Toscânia”; no interior, um pequeno pátio em terra batida, com muitos vasos e quartos dispostos em quadrado, preenchem um ambiente floral italiano deslocado em estranha noite austral. Raul e Constância trocam as roupas escuras e usadas pelos alvos lençóis e dão-se com fúria de vendavais,até que o fulgor da chama finda e os seus destinos se afastam em silêncio e cúmplicidade….. (continua) Jorge.Santos
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2210 leituras
Add comment
other contents of Joel
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Geral | Pra lá do crepúsculo | 30 | 3.232 | 03/06/2024 - 11:12 | Português | |
Poesia/Geral | Por onde passo não há s’trada. | 30 | 4.008 | 02/18/2024 - 20:21 | Português | |
Poesia/Geral | Sonhei-me sonhando, | 17 | 4.476 | 02/12/2024 - 16:06 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | A alegria que eu tinha | 23 | 4.798 | 12/11/2023 - 20:29 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Notas de um velho nojento | 7 | 3.107 | 12/06/2023 - 21:30 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | (Creio apenas no que sinto) | 17 | 2.174 | 12/02/2023 - 10:12 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Vamos falar de mapas | 15 | 7.819 | 11/30/2023 - 11:20 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | São como nossas as lágrimas | 9 | 1.206 | 11/28/2023 - 11:11 | Português | |
Poesia/Geral | Entrego-me a quem eu era, | 28 | 3.579 | 11/28/2023 - 10:47 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | O Homem é um animal “púbico” | 11 | 4.605 | 11/26/2023 - 18:59 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | A essência do uso é o abuso, | 1 | 4.019 | 11/25/2023 - 11:02 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Insha’Allah | 2 | 2.605 | 11/24/2023 - 12:43 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | No meu espírito chove sempre, | 12 | 2.319 | 11/24/2023 - 12:42 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Os destinos mil de mim mesmo. | 21 | 7.112 | 11/24/2023 - 12:42 | Português | |
Poesia/Geral | “Daqui-a-nada” | 20 | 4.896 | 11/24/2023 - 11:17 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Cada passo que dou | 0 | 2.210 | 11/24/2023 - 09:27 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Quem sou … | 0 | 3.069 | 11/24/2023 - 09:26 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Ricardo Reis | 0 | 934 | 11/24/2023 - 09:24 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | A dança continua | 0 | 3.868 | 11/24/2023 - 09:23 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | A importância de estar … | 0 | 2.731 | 11/24/2023 - 09:17 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Se eu fosse eu | 0 | 1.480 | 11/24/2023 - 09:15 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Má Casta | 0 | 2.657 | 11/24/2023 - 09:14 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Neruda Passáro | 0 | 3.095 | 11/24/2023 - 09:12 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Pouco sei, pouco faço | 0 | 1.861 | 11/24/2023 - 09:11 | Português | |
Ministério da Poesia/Geral | Do que tenho dito … | 0 | 2.392 | 11/24/2023 - 09:09 | Português |
Comentários
As laranjeiras baixas ocultam a noite
As laranjeiras baixas ocultam a noite