Cinematógrafo (Ossip Mandelstam, poeta russo)

Cinematógrafo. Três assentos.
Azáfama dos sentimentos.
A aristocrata e abastada
Na teia da rival-celerada.

O amor que surge não controla:
Em nada é ela culpada!
Como a um irmão, abnegadamente,
Amou da frota o tenente.

Já ele no deserto vagueia –
Bastardo filho do conde encanecido.
Assim começa o açucarado
Romance da bela condessa.

Em frenesi, feito cigana,
Para trás os braços torce.
Separação. Furiosos sons
Do piano atormentado.

Bravura ainda há o bastante
No peito débil e confiante
Para roubar para o inimigo
Documentos importantes.

Pela alameda das castanheiras
O colossal motor a toda,
A fita palra, bate o coração
Mais alegre de ansiosa comoção.

Em caro vestido e de maleta-viagem,
Em automóvel e em vagão,
Apenas teme a perseguição,
Exaurida de árida miragem.

Que amargo absurdo:
O fim não justifica os meios!
Para ele – herança paterna,
Para ela – fortaleza eterna!

Ossip Mandelstam, poeta russo.

Poema traduzido por Francisco Araujo.

Submited by

Sunday, August 28, 2011 - 19:09

Poesia :

No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 6 years 42 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated Auto de Natal 2 3.106 12/16/2009 - 02:43 Portuguese
Poesia/Meditation Natal: A paz do Menino Deus! 2 4.878 12/13/2009 - 11:32 Portuguese
Poesia/Aphorism Uma crônica de Natal 3 3.938 11/26/2009 - 03:00 Portuguese
Poesia/Dedicated Natal: uma prece 1 2.730 11/24/2009 - 11:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Arcas de Natal 3 5.201 11/20/2009 - 03:02 Portuguese
Poesia/Meditation Queria apenas falar de um Natal... 3 5.801 11/15/2009 - 20:54 Portuguese