DESEJO
Desejo o explendor de um anjo dourado
em asas de seda e ouro bordado.
Desejo o teu corpo que floresce
e a cada manhã em borboletas amanhece.
Desejo o sorriso das crianças
que sufoca o ar e me leva as lembranças.
Desejo uma sala de estar a céu aberto
e que a distancia entre nós se faça perto.
Desejo que o mundo arda em fogo mortiço
e o sangue frio se torne mestiço.
Desejo o perfume da rosa vermelha
o teu sorriso de orelha a orelha.
Desejo o lago espelhado
num sonho que me leva a todo lado.
Desejo o regresso á infancia
onde os erros se desculpam com tolerância.
Escrevo a prosa suave
que desmantela as diferenças deste enclave.
Pinto-te um sorriso na cara chorosa
mesmo que a tinta não te faça formosa.
Desejo o pôr do sol encarnado
visto de uma falésia a teu lado.
Desejo enterrar o livro da vida
numa cova de areia em praia perdida.
Desejo um caminho em ferro moldado
que me leve a um luar enamorado.
Desejo um tempo em sopro congelado
num rasgo de alma em segundo parado.
Desejo vestir-te em cor de malmequer
em sorriso que devoro á colher.
Desejo um abismo para me sentar
em buraco sem fundo que oiço chamar.
Enquanto o tempo se esgota na ampulheta
na palma da mão nasces tu borboleta.
mostras-me nas asas de seda a ilusão
para lá dos muros desta prisão.
Desejo uma pele preto no branco
o repouso merecido para quem é franco.
Desejo a luz que rouba as sombras da noite
um beijo que marca como o açoite.
Desejo a melodia tocada com pincel
numa tela de vida nascida a flôr da pele.
Desejo a escrita dos sons brandos
uma lista de regras sob teus comandos.
E o teu corpo debruçado
em cadeira silênciosa
menina birrenta e ferida
no sentir orgulhosa
Desejo o teu corpo adormecido
pelo meu corpo amanhecido.
Desejo o teu bater de asas
com que derrubas as minhas casas.
Desejo o teu corpo que amanhece
e em borboletas floresce.
Desejo o segredo em surdina
guardado no dobrar de cada esquina.
Mas desejo mais que tudo o teu olhar
que em água acesa me quero queimar.
Desejo a tua sombra de anjo dourado
um simples suspiro vertido a teu lado.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1279 reads
other contents of Rui Afonso dos Santos
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Love | SENTADO SOBRE UM MAR | 0 | 484 | 08/02/2011 - 16:34 | Portuguese | |
Poesia/Love | DÁ-ME A TUA MÃO | 0 | 502 | 08/01/2011 - 21:17 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | SAÍDO DO NADA | 0 | 427 | 08/01/2011 - 19:59 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | NÃO TINHA DE SER ASSIM | 0 | 542 | 08/01/2011 - 19:56 | Portuguese | |
Prosas/Saudade | ESTA FOME DE TI | 0 | 610 | 08/01/2011 - 19:55 | Portuguese | |
Prosas/Saudade | AQUELE ERA O TEMPO | 0 | 518 | 08/01/2011 - 19:53 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | ATREVES-TE? | 0 | 600 | 08/01/2011 - 19:51 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | CAVALEIRO DE CRISTAL | 0 | 657 | 08/01/2011 - 19:50 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | UM INFERNO DE OLHAR NEGRO | 0 | 593 | 08/01/2011 - 19:49 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | NO TRILHO DOS RITOS | 0 | 526 | 08/01/2011 - 19:48 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | ESPERO POR TI | 0 | 597 | 08/01/2011 - 19:46 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | AS MINHAS SOMBRAS | 0 | 644 | 08/01/2011 - 19:44 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | BARQUINHO DE PAPEL | 0 | 499 | 08/01/2011 - 19:41 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | A CAMINHO DOS MEUS BRAçOS | 0 | 509 | 08/01/2011 - 12:37 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | ANJO ESQUECIDO | 0 | 647 | 08/01/2011 - 12:02 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | FLÔR DE CRISTAL | 0 | 686 | 07/31/2011 - 19:22 | Portuguese | |
Prosas/Tristeza | NÃO TE DOU O QUE SINTO | 0 | 546 | 07/31/2011 - 14:43 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | OS NOSSOS LUGARES | 0 | 467 | 07/31/2011 - 14:00 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | ASSIM SOU EU | 4 | 555 | 07/31/2011 - 13:42 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | NUMA ESTRADA DE MORTE | 0 | 399 | 07/31/2011 - 00:16 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | VIDAS RASGADAS | 0 | 439 | 07/30/2011 - 21:49 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | AS SOMBRAS DA NOITE | 0 | 619 | 07/29/2011 - 17:17 | Portuguese |
Add comment