O homem enrolado no papelão

Hoje vi uma chocante cena
um homem enrolado em folhas
de caixas de papelão desfeitas
embaixo de uma amendoeira

Era bem cedo,
há pouco havia chovido
mas, ali estava impassível
ante a expressão tocante,

De passantes, que eram poucos
a passear com seus cachorros
e, de repente, um movimento
do homem que parecia semi-morto

Não me parecia vindo de uma ressaca
tampouco se trajava como um mendigo
tinha bigode aparado, a barba feita,
as roupas amassadas, sapato furado

Mas, o que fazia aquela pobre alma
na rua, envolto em folhas de papelão?
Um mistério que permaneceu sem solução,
como esquimó no iglu, retornou para sua "casa".

O que levaria um poeta a tratar de um fato
tão corriqueiro nas cidades?
A proximidade da páscoa e da paixão de Cristo
fez brotar o drama e a dor dos excluídos...

Ele, mais que ninguém,
Ousou tocar nestas feridas
Ainda vivas, abertas, e muitas vezes
não nos tocamos, neste vai-e-vem... da banalização da vida "moderna".

AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em 1 de abril de 2010.

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Thursday, April 1, 2010 - 17:11

Poesia :

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AjAraujo

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Comments

cmcmachado's picture

poemas

AJARAÙJO, tbm, tenho um poema parecido , que fala dos mesmo problemas, " HOMENS SEM NADA"gostaria que lesse! bjs e abraços meus, essas pessoas tbm são problema nosso, penso eu...

AjAraujo's picture

Olá poetisa, obrigado por sua

Olá poetisa, obrigado por sua ilustre visita. Li o seu poema e gostei muito. Temos visões bastante parecidas sobre esta grave questão da exclusão social.

Bom final de semana para ti.

AjAraujo's picture

Ele, mais que ninguém, Ousou

Ele, mais que ninguém,
Ousou tocar nestas feridas
Ainda vivas, abertas, e muitas vezes
não nos tocamos, neste vai-e-vem... da banalização da vida "moderna".

Henrique's picture

Re: O homem enrolado no papelão

Bom poema!!!

:-)

Hisalena's picture

Re: O homem enrolado no papelão

Um poema que retrata uma realidade infelizmente cada vez comum e infelizmente também cada vez mais olhada com indiferença.
Será que em lugar de desviar o olhar com ar repugnado não deveriamos pôr a questão: e se fosse eu? Afinal ninguem sabe... o que sabemos é que são pessoas, seres humanos. Hoje eles, amanhã nós, quem sabe?
Gostei do tema, da construção e da força da mensagem que passa.

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