QUE A MORTE NOS MATE …

Quando aquele que habita o nosso corpo não é nós,

a morte triunfou ...

A alma fica a sós com a escuridão
dos passos dados em vão.

O corpo pertence a si mesmo oco,

carne ingrata que apodrece e fede,
bigorna que cede à forma,
substância extinta.

O olhar apaga a tinta do ver,
constrói cidades desertas na vontade de ter.

A voz ouve-se calada sobre leis de caos constante.

A maquilhagem do conhecimento acontece,
a distância tece o seu próprio fim,
a gente desaparece.

O vento já não escreve tanto,
as pedras pararam de estar quietas.

O amor já não vem articulado em setas,
é pasto de erva fácil,
atalho seco.

A paixão como fogo antológico
de avessos repentinos,
de sujidade.

O mel esculpe o infinito no açude ácido do ser.

O passado cai no esquecimento,
o sono habita o sonho.

O silêncio banha a multidão de silêncio.

A solidão malha o jorro das cores da vida
até que sejam pó.

O tempo como viga de luzes inesgotáveis,
as rugas que por nós caminharão novas,
morreres que nos matarão sem dó.

O vazio acabará por nos encher a cabeça,
as essências andarão aos tombos
no pensamento.

Que a morte nos mate,

não nós …
.
.
.
.

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Thursday, September 20, 2012 - 16:53

Poesia :

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