Há em toda a beleza uma amargura (Walter Benjamin)

Há em toda a beleza uma amargura
secreta e confundida que é latente
ambígua indecifrável duplamente
oculta a si e a quem a olhar obscura

Não fica igual aos vivos no que dura
e não a pode entender qualquer vivente
qual no cabelo orvalho ou brisa rente
quanto mais perto mais se desfigura

Ficando como Helena à luz do ocaso
a língua dos dois reinos nâo lhe é azo
senão de apartar tranças ofuscante

Mas à tua beleza não foi dado
qual morte a abrir teu juvenil estado
crescer e nomear-se em cada instante?

Walter Benjamin,  (1892-1940),  filósofo alemão, in "Sonetos" . Tradução de Vasco Graça Moura

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Monday, March 3, 2014 - 13:20

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AjAraujo

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Há em toda beleza

A amargura muitas vezes esconde a beleza ou confunde-se com ela.
Abraços

http://colchaderetalhos13.blogspot.com.br

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