"Sic est vulgus"
"No light, but rather darkness visible"
Dificilmente se nasce de geração espontânea,
Só eu digo claro o que penso nas minhas enigmáticas
Palavras que não têm mãe, apreciação, nem berço,
Que tanto faria terem saído do diabo ou de um penedo,
"Sic est vulgus", subordinadas à hereditariedade,
Porque não me interrogam nem me espantam,
Apenas guardam mágoa, rancor e raiva, como ninguém
Foram geradas num ventre esterilizado de frade
A cujo dorso imoral e corrupto se assemelha
Esta minha escrita que mais valia não ter nascido,
Eu próprio vivificado no oficio das paixões terrenas,
Constantemente na frente, de cruz na mão esguelha,
Nunca hei-de estar no centro, nem dentro
Das comuns, vividas pelo comum dos homens,
Não faço parte dos crentes de domingo,
Evoco os feitiços e a floresta à lua prenha,
Tal qual o cio dos lobos e as facções em luta, a rixa
Na clareira pelo domínio sobre a raça, a tribo,
A liça, a faca que cultivo porque é real e precisa,
Privilegia a permuta quando é de corpo que se muda,
Dificilmente se nasce de geração espontânea,
Todas as formas de vidas provêm de uma substância
Nobre e com regras mundanas, sem ela é impossível,
Já meu dom cresce do extremo, nasci tão blasfemo
Quanto um vulgar escarro humano ou um pelo púbico
Arrancado em pleno acto de Contrição…
Jorge Santos 11/2019
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