A silenciosa madrugada da humanidade
Sussurros pelas vielas
Cheiro de lixo putrefato
Caminhantes solitários tentando se esconder do frio
Tropeçando nos ratos que correm assustados
Sem saberem ao certo o que os assustaram.
Apenas uma ilusão corriqueira
De larápios que tentam usurpar da liberdade
Sem saberem ao certo se estão no caminho
Uma parcela da sociedade andando às cegas
Um cabo de força sendo puxado dos dois lados
E uma mosca zumbindo em meus ouvidos
Como se não tivesse mais nada no mundo.
Insistem nos números errados
E não tocam mais as músicas de outrora
As mesmas que o fazia dormir o sono tranquilo da existência.
Cale-se! Gritam nas penumbras
Tentam expulsar os demônios escondidos
E eles apenas riem de toda essa confusão
Nem precisaram fazer muita coisa
E divertem-se com as injúrias e blasfêmias
Proferidas pelos líderes religiosos.
A silenciosa madrugada da humanidade
É solitária e sem sentido algum
Até mesmo para as cobras e lagartos espalhados
Nas moites dos quintais.
Cale-se! Outra vez ouço o brado
Mas, como posso calar-me se as palavras fervilham
Minha mente não tem sossego
Minha voz ecoa na madrugada
E vejo ouvidos atentos a esse lamento
Abordagens secretas vistas por lentes poderosas
Os segredos mais ocultos da humanidade.
Seja o que for vai acontecer
Não há mais como voltar atrás no que foi feito
Uma catástrofe anunciada
Um drama encenado
Na trágica história humana.
Por que eu não me calei naquela hora
Quando ainda tinha chance de sair ileso
De todas as acusações que lançaram contra mim?
De qualquer forma nada importa mais
Se os limites foram rompidos
E a liberdade apunhalada pelas costas.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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