Madalena arrependida

(Para ler com cuidado, em meu momento de loucura tomado)

Num palco de vida improvisado
Um drama de vida representado
Não houve na construção cuidado
Narrei como se fosse Bardo

.........
Duas vozes num grande acorde
Uma Òpera, Uma imensa Ode
Dois desejos, um unico Fim
Um corpo gasto, outro cetim

Uma voz vibrante e feminina
Num rosto Lânguido de menina
Encarava o quarentão Obeso
Muito rico, enorme peso:

"No rio da vida, sou truta
Nesta tua cama, sou puta
evito as pedras e anzois
Sou tua Madalena com caracois"

Sorriu o gordo infame
Envergonhado pela vexame
estendeu-lhe duas notas
nas mãos estáticas, mortas:

" Não sou pescador,
De trutas não entendo
Mas tambem eu as como
Não me faz isso, pecador!"

Envergonhou-se a outrora criança
que a burrice dele sempre a cansa
Numa prece já imensamente repetida
Atirou na voz a amargira contida:

"Fica sabendo que eu renasço
A cada banho, me lavo de ti
Do teu ser,apenas o cansaço
Separa-te e vem para mim!"

O gordo e fazendeiro,
Da sorte dela rendeiro
Tirou mais dinheiro
e respondeu certeiro:

" Tenho em casa uma mulher
Três filhos já Varões
As minhas grandes criações
Tu, miuda não tens condições.

Era assim, sempre assim
Ele usava e abusava, brincava
No seu corpo branco, de marfim
A outra amava, a ela penetrava

"Não sou boneca de porcelana
Tenho um filho, que mãe me chama
Não me deito contigo por dinheiro
Mas para lhe dar futuro certeiro"

Madalena chorava a seus pés prostada
O bafiento cliente, que a ela tomara
O marido abastecido, que ela desejara
E as promesas de viver com ela?

" Disses-te que me amavas
Que da miséra me tiravas
Que era o teu consolo
Que te dava alegria, meu tolo!"

Vestindo-se o rico Obeso
olhou-a muito surpreso
encolheu os a mão forte
e riu-se por fim da sorte

" Uma dama de companhia
Uma dona de casa
A ti sempre fodia
a promessa era escassa"

Numa ultima lágrima ela o encarou
O punhal,a lamina, no gordo penetrou
Num ultimo beijo assustado,
Viu o seu cliente de sangue tombado:

" Nesta vida fui Devassa
Dos teus sonhos Palhaça
Morre agora, rico fazendeiro
Que a viuva gaste o dinheiro"

Cai o punhal, no chão vidrado
ela cortou deo sexo murchado
fechou a porta com mil cuidados
e lambeu os dedos ensaguentados!

Submited by

Friday, January 22, 2010 - 13:15

Poesia :

No votes yet

Mefistus

Mefistus's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 4 years 26 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 3000

Comments

FlaviaAssaife's picture

Re: Madalena arrependida

Mefistus,

A facilidade com que improvisas e dá vida aos versos, monta as cenas e nos faz viajar em tua poesia é algo que me encanta...

Ler-te é sempre uma agradável surpresa. Uma obra belíssima. Um dos teus textos que mais gostei. É envolvente e surpreendente! Jamais imaginaria um final tão trágico...

Pude ouvir as personagens em ação, imaginar as cenas, a sedução, o diálogo!

Só me resta: clap clap clap (em pé)

Favorito nele.

Bj

Add comment

Login to post comments

other contents of Mefistus

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Prosas/Tristeza Era Tarde ! 1 1.443 10/05/2009 - 18:59 Portuguese
Prosas/Others Apenas um Jogo? 0 1.229 10/04/2009 - 23:36 Portuguese
Poesia/Erotic Momento 9 1.258 10/04/2009 - 23:00 Portuguese
Prosas/Mistério Alma 1 1.978 10/03/2009 - 23:47 Portuguese
Prosas/Lembranças Em Outubro, nunca se sabe 0 1.295 10/02/2009 - 21:40 Portuguese
Poesia/General Sonho Contigo 6 1.102 10/02/2009 - 16:32 Portuguese
Prosas/Lembranças Medo 0 5.185 10/02/2009 - 10:12 Portuguese
Prosas/Thoughts Direito ao Deserto 4 1.525 10/02/2009 - 10:02 Portuguese
Poesia/Passion Olho Parasita! 9 1.509 10/02/2009 - 09:59 Portuguese
Poesia/Intervention Treta 5 1.182 10/02/2009 - 01:28 Portuguese
Prosas/Terror Fantasma 1 1.528 10/01/2009 - 15:27 Portuguese
Poesia/Sadness Dor de Morte 8 1.224 10/01/2009 - 12:13 Portuguese
Poesia/Passion Fumos 5 2.363 10/01/2009 - 04:42 Portuguese
Poesia/Sadness Solidão 9 1.799 09/30/2009 - 15:23 Portuguese
Poesia/Song Rock da Vareja 5 2.450 09/30/2009 - 15:19 Portuguese
Prosas/Romance Solta-se um beijo 0 1.505 09/30/2009 - 11:18 Portuguese
Prosas/Thoughts Nada existe de grandioso sem paixão 0 1.800 09/30/2009 - 11:06 Portuguese
Poesia/Disillusion Rosa Negra 4 1.209 09/29/2009 - 16:34 Portuguese
Poesia/Meditation Sacrificio 7 1.359 09/29/2009 - 16:21 Portuguese
Prosas/Thoughts Sou...(2) 0 1.679 09/29/2009 - 14:44 Portuguese
Prosas/Thoughts Sou... 0 1.651 09/29/2009 - 14:36 Portuguese
Prosas/Contos O delirio de Raind - Parte II 0 1.828 09/29/2009 - 10:43 Portuguese